Há uns dias comovi-me ao olhar para quatro pessoas sentadas na esplanada de um restaurante da cidade de Leiria. Eu sei que eram só quatro pessoas sentadas à mesa, mas eram pessoas que faziam parte da minha adolescência e que estavam ali sentadas na mesma mesa. Quatro mulheres e amigas de longa data que continuavam com o mesmo olhar entre elas e a mesma cumplicidade que as distinguia nos nossos tempos de escola. Bastava um piscar de olhos de uma, para que todas as outras interpretassem a informação transmitida.
Que bonito é perceber que as amizades que construímos há muitos anos atrás foram criadas com tantas e boas experiências vivas que nem o tempo e a distância conseguem apagar ou destruir algo tão intenso e puro. São amizades verdadeiras, daquelas que ficam gravadas na pele e no coração.
Amizades que nos fazem sentir sempre suportados e protegidos nos momentos menos bons que a vida nos vai apresentando.
A amizade pode ter um papel preponderante no nosso percurso, talvez por isso os especialistas digam que ela permite o desenvolvimento da empatia, elemento fundamental para criar pessoas e cidadãos estáveis, altruístas e humanistas e é talvez esse o aspecto mais nobre das relações interpessoais.
Todos nós nos relacionamos com novas pessoas todos os dias, seja no trabalho, nos nossos hobbies, com os vizinhos ou em outros contextos sociais, mas desenvolver a amizade com alguém obriga a um aprofundamento das relações, a tempo de conhecimento e de aprendizagem, a um maior rigor e qualidade para ultrapassar a fina malha criada por todos nós. Na verdade, a amizade implica investimento e dedicação de ambas as partes.
Para uma criança ou jovem ter um amigo também representa segurança e conforto para que nos momentos menos bons tenham alguém a quem recorrer. Um amigo é, igualmente, um apoio nas brincadeiras, na descoberta do mundo e na vida relacional.
A escola, mais uma vez, surge como o melhor agente na promoção das amizades duradouras que promovem também a estabilidade emocional de todos nós. Com os amigos as crianças aprendem a partilhar, a ter sentimentos vivos como a alegria e realização e também a tristeza e a desilusão.
Ter amigos sabe bem e deixa-nos felizes. Amigos que se misturam de uma forma orgânica com a nossa família e que acabam por ser eles também uma própria extensão dela.
Talvez por isso quando partilhei com um grande amigo, a experiência sentida ao observar a beleza da cumplicidade e simplicidade daquelas quatro mulheres juntas numa esplanada de Leiria ele me respondeu: “Na verdade ter um amigo vale ouro e isso deve ser celebrado sempre!”.
Ligar, escrever, abraçar ou beijar um grande amigo é algo que devemos fazer regularmente para o nosso bem e para bem do mundo também.