As mãos que passam os dias a montar os terços oficiais da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023) são chamadas, a espaços, a uma tarefa um pouco diferente.
Além dos três modelos de terço oficiais, há uma produção paralela com um destinatário especial: o Papa Francisco.
Em tudo idêntico ao terço de plástico reciclado, o terço destinado ao Papa ostenta numa das faces da cruz o brasão de Francisco, o qual é também reproduzido no interior da caixa em que o mesmo é embalado.
Francisco Pereira explica como surgiu esta encomenda especial: “Foi o Papa que pediu. Queria ter terços lá [no Vaticano] para distribuir, para ele próprio oferecer às pessoas que ele entendesse”.
“E aí, eles [organização da JMJ] pediram a produção com o brasão do Papa, que é para ele próprio distribuir, usar e oferecer”, afirma, adiantando que esta peça “não é para vender”.
Quanto ao número de terços para o Vaticano que já terão sido produzidos, Francisco Pereira afirma que “talvez uns 3.000”.
A Farup, além de terços, produz imagens, crucifixos e medalhas.
“Inicialmente, a empresa até começou só com a produção de terços, mas, com o desenvolvimento da indústria de moldes, começámos a entrar na produção das imagens e hoje a maior parte da nossa produção é de imagens”, diz o empresário.
“É a imagem de Nossa Senhora de Fátima a mais produzida, mas temos uma quantidade enorme de moldes, de variedades, de imagens de Fátima, do Coração de Jesus e outras”, explica, acrescentando que as imagens “são vendidas em todo o país, e para exportação”.
“Exportamos cerca de 30% a 40% da nossa produção. Estados Unidos, Alemanha, Itália, França são alguns dos principais mercados, principalmente de imagens, mas também de medalhas”, diz Francisco Pereira, sublinhando que uma das particularidades da empresa é que praticamente é ali tudo feito, “desde a injeção à embalagem”, pelas mais de dezena e meia de pessoas que ali trabalham em permanência.
Uma das trabalhadoras, Paula Cristina, de 55 anos, e no sector há 39, dedica-se principalmente à pintura de imagens.
Sem formação inicial, aprendeu o que sabe no local de trabalho, dedicando-se, normalmente à pintura das caras das imagens, “um trabalho que exige muita concentração e muita visão”.
Com orgulho na qualidade do produto que sai das suas mãos e das mãos das suas colegas, não teme a concorrência das imagens chinesas, por exemplo.
“Gosto mais de ver o trabalho que nós fazemos aqui. Às vezes, até me pergunto como é que as pessoas compram certas imagens [de origem asiática]”, diz Paula Cristina, não receando que aquelas ponham em risco a sua ocupação: “Afinal, acho que aqui o trabalho tem outra qualidade”.