A aposta no termalismo clássico, de saúde e de bem-estar está de volta, para dar resposta a pessoas dispostas a dedicar tempo a tratamentos e que, necessitando de profilaxias mais específicas, optam por cuidados de saúde que não obrigam à ingestão de medicamentos.
O termalismo terapêutico está a crescer em todo o mundo e, segundo os números do Turismo de Portugal, também no nosso País, onde existem cerca de 50 estâncias a funcionar.
No distrito de Leiria, há quatro locais onde se verifica potencial termal, terapêutico ou de bem-estar, mas apenas em Alcobaça e Caldas da Rainha, neste momento, existem termas a prestar cuidados de saúde.
Para fomentar o termalismo como factor de desenvolvimento e de impulso na economia local, a aposta destas unidades passa pela divulgação em feiras nacionais e internacionais, em eventos de saúde, oferta de vouchers ou criação de rotas.
E o termalismo clássico, refere ainda o Turismo de Portugal, agrada a cada vez mais pessoas. Em 2019/2020, antes da pandemia, foram emitidas 7.500 prescrições pelo SNS, que contribuíram para o aumento do número de termalistas e do volume de negócios em 15%. Números que poderiam ser maiores, caso a Covid-19 tivesse permitido.
O Município de Caldas da Rainha é um dos que está apostado em tornar a localidade numa cidade termal de excelência, recuperando a fama e a forma de outros tempos.
O presidente da autarquia acredita que o termalismo é um dos caminhos para o crescimento sustentável, esperando que a entrada em funcionamento de novas valências no hospital termal, após uma intervenção operada pela Câmara, traga mais utentes interessados em obter cuidados de saúde. “Requalificámos o balneário e criámos condições para tratamentos às vias respiratórias. No primeiro andar da ala sul, desde Setembro, são administrados tratamentos músculo-esqueléticos e de bem-estar”, explica Vítor Marques. As obras nesta unidade custaram mais de 500 mil euros, mas o valor total do investimento poderá ultrapassar o milhão de euros, estando a ser criado um plano estratégico concelhio para o termalismo, que poderá levar à construção de um novo espaço termal com piscina.
“As Caldas da Rainha estão numa zona privilegiada. Num raio de 100 quilómetros, há três milhões de habitantes, o que é benéfico para a divulgação do termalismo”, aponta o autarca que não esquece que, para aproveitar este potencial de desenvolvimento e busca de mercados internacionais, é necessária uma “aposta forte na hotelaria” de qualidade. “O arranque das obras de transformação dos pavilhões do parque D. Carlos I em hotel de cinco estrelas estará para breve e serão necessárias mais actividades culturais e recreativas”, adianta Vítor Marques, recordando que a cidade de Caldas da Rainha nasceu das águas termais e é “um desiderato” que não se “poderá deixar cair”.
Actualmente, a procura é por tratamentos que incluam SPA e bem-estar. “Há muitos cidadãos estrangeiros residentes na região.
E é na união da região, em redor deste potencial, que o presidente da Câmara de Caldas da Rainha quer apostar, promovendo o estreitamento de relações com as termas dos concelhos de Alcobaça ou Leiria, porém, para já, é no Município de Óbidos que se focam as suas atenções. Isto porque, embora menos conhecida e a necessitar de investimento, a água termal das Gaeiras, não é encarada como concorrência, mas como um parceiro e complemento à oferta já disponível.
Procura pelo termalismo excede as expectativas
Encerradas em 1997, as Termas da Piedade – Your Hotel & Spa, em Alcobaça, reabriram com um novo modelo em 2019. “Estávamos a avançar para a operação total quando, em Março de 2020, a pandemia da Covid-19 nos obrigou a encerrar as portas”, recorda Tiago Gouveia, director assistente, nesta unidade. Foi preciso esperar até 2022 para que estivessem reunidas as condições para avançar, gradualmente, com a totalidade da operação.
“Estamos convencidos que 2023 será o ano da afirmação das termas, junto do público. Neste momento, a procura pelo termalismo excede as expectativas. Temos efectuado algumas acções de marketing, além de marcarmos presença em feiras de turismo e nas redes sociais”, refere o responsável.
Este ano, houve já necessidade de recusar clientes. No Verão passado, a ocupação das instalações para cuidados termais chegou às 60 pessoas por semana.
As águas das Termas da Piedade são indicadas para tratamentos músculo-esqueléticos, tendo ainda propriedades benéficas para o aparelho digestivo. O espaço conta mesmo com terapia de hidrocolonoterapia, único em Portugal. E, como os tratamentos podem levar entre sete e 21 dias, há sempre espaço para a realização de outras actividades, como as rotas promovidas pelo Turismo de Portugal, que abordam a natureza ou a história da região.
Um dos entraves ao termalismo, enquanto prestador de cuidados de saúde, foi o fim das comparticipações do Serviço Nacional de Saúde, ditado pela troika, porém, os apoios voltaram em 2019, sob forma de projecto- piloto, mas só até 35% e com um limite de 95 euros.
Ainda sem Orçamento do Estado aprovado para 2023, o Turismo de Portugal espera que as ajudas se mantenham, sem se mexer na percentagem de apoio. “Apesar de tudo, é um bom sinal de que o SNS vê o termalismo como fonte de saúde”, afirma Tiago Gouveia.
Monte Real a reabrir “o mais rapidamente possível”
Em Monte Real, no concelho de Leiria, outra das mais conhecidas unidades termais do distrito espera apenas por uma resposta das entidades competentes para reabrir as portas. O impacto das cheias de Fevereiro de 2014 provocou o seu encerramento, após terem sido detectados problemas na qualidade da água, embora se tenham mantido os cuidados de bem-estar.
“Queremos que a reabertura de Monte Real aconteça o mais rapidamente possível. Estamos a trabalhar com a Direcção-Geral da Saúde e com a Direcção-Geral de Energia e Geologia para que isso aconteça. Neste momento, esperamos apenas uma resposta”, anuncia Pedro Paixão, director do Monte Real Hotel, Termas e SPA.“Queremos que a
Monte Real
aconteça o mais
rapidamente
possível. Neste
momento,
esperamos
apenas uma
resposta”
director do Monte
Real Hotel,
Termas e SPA