José Manuel Tuna Caranguejeiro, Tuna, para a maioria dos amigos e conhecidos. Aos 75 anos, o antigo jornalista do JORNAL DE LEIRIA faleceu esta madrugada, em Leiria, onde estava hospitalizado.
Foi jogador, treinador, bancário, jornalista, autarca, secretário da junta e escritor. Quem o conhecia certamente não esquece as inúmeras histórias que contava dos seus tempos de futebolista, que lhe proporcionaram amizades com outros grandes jogadores. Tive o privilégio de arranjar grandes amizades”, contava ao JORNAL DE LEIRIA numa entrevista de vida, em 2015. “Joguei com jogadores famosos, como o Néné, o Humberto Coelho e o Raul Águas” e privou com Eusébio uma pessoa que gostou de conhecer, “não excluindo outros”.
Nasceu em Torres Novas, mas, por causa do futebol, não aqueceu o lugar. Esteve em Lisboa, a jogar no Benfica e, depois, em Peniche. “O 25 de Abril de 74 passei em Peniche com o Jorge Jesus”, recorda. Leiria seria o próximo destino, onde permaneceu até hoje. Jogou durante três anos na União de Leiria e também foi treinador, no mesmo clube, durante outros três anos.
“Vim para Leiria e decidi pensar no meu futuro, então arranjei emprego”, revelou. “Trabalhei no Banco de Portugal durante 20 anos, até que a agência de Leiria encerrou”.
Foi durante o período em que estava no banco, que Tuna começou a dar os primeiros passos no jornalismo. Foi no JORNAL DE LEIRIA que começou, corria o ano de 1987, e com quem colaborou durante 12 anos. “Posso dizer que tenho uma quota parte na evolução do jornal”, adiantou com visível orgulho. “Fui o promotor do suplemento de publicidade, de quatro páginas, que mais nenhum jornal tinha. Foi uma pedrada no charco, porque isso mexeu com os outros jornais”, recordou.
A ocupação de tempos livres a que dá mais destaque é a escrita, sobretudo a que envolve humor. “O livro que eu escrevi (Chutos na bola com humor à camisola) são histórias que recolhi ao longo destes 50 anos que estive ligado ao desporto, como jogador, treinador e jornalista.” O futebol também foi o responsável pelos 13 países que já teve o privilégio de conhecer.
Uma das histórias caricatas que se recorda vem do tempo em que jogava no Benfica. Quando era pequeno, o pai ralhava-lhe por estragar os sapatos ao jogar futebol no recreio. “O meu pai dizia-me ‘se queres jogar à bola, tens de jogar descalço’ e isso ficou”, revelou.
“O que eu fazia era arregaçar as calças, descalçava-me e ia jogar com os meus colegas. Gostava de jogar de pé descalço e fiquei conhecido por isso.”
Na sua vida familiar, também se considera um homem feliz. “Já tive seis mulheres na minha vida, agora tenho cinco.” Tuna refere-se à esposa, às duas filhas, à neta e à sogra, já falecida.
Conheceu a sua mulher ainda em Torres Novas e já contavam mais de 50 anos de casamento. Quando inquirido se é possível manter a paixão durante tantos anos, não hesita. “Se já não houvesse paixão, de certo que cada um já teria seguido o seu caminho”, referiu. “Com alguns ventos e marés, tudo se vai equilibrando.”
Na sua página de facebook, os familiares anunciaram a sua morte, informando que o funeral realiza-se esta quinta-feira, dia 9 de Maio, com início das cerimónias religiosas às 14 horas, na Capela Mortuária de Leiria, de onde sairá para o cemitério das Lapas, em Torres Novas.
O corpo encontrar-se-á em velório, a partir das 17:30 horas, de amanhã, dia 8, na Casa Mortuária de Leiria.
Nota da redacção: Texto originalmente publicado no JORNAL DE LEIRIA, no dia 15 de Janeiro de 2015, e editado hoje.