O Município de Leiria está a articular com várias entidades a integração dos refugiados que chegaram ao concelho fugidos do conflito na Ucrânia, de modo a facilitar a entrada na escola e no mercado de trabalho.
Num balanço feito na reunião de executivo de hoje, a vereadora da Acção Social, Ana Valentim, informou que, quinta e sexta feiras, esteve no Estádio de Leiria, onde estão alojados 42 refugiados, uma equipa multidisciplinar do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Segurança Social e divisão de educação do município “para fazer a articulação com as diversas entidades, nomeadamente para integração das crianças nas escolas e avaliar o perfil e competências das pessoas para a integração no mercado de trabalho”.
Ao nível do mercado de emprego, Ana Valentim avançou que 78 empresas do concelho manifestaram a disponibilidade em acolher nos seus quadros pessoas refugiadas da Ucrânia.
“Amanhã, vamos iniciar uma formação de Português, no estádio, através do IEFP. Estamos a terminar um plano de atividades na área da música, desporto, dança e de jogos”, acrescentou a vereadora.
Segundo disse, a Câmara de Leiria tem, neste momento, capacidade para alojar 94 refugiados: 54 pessoas no estádio municipal, 20 em alojamento disponibilizado pela empresa Cecil e outras 20 numa habitação cedida pelo Seminário Diocesano de Leiria.
“Neste momento temos 42 pessoas alojadas no estádio e 15 no alojamento da Secil. Maioritariamente as pessoas que nos têm chegado são mães com crianças a seu cargo”, revelou.
Ana Valentim salientou que o município também apoiou os refugiados no registo no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que possibilita “o acesso ao Serviço Nacional de Saúde, à Segurança Social, nomeadamente a prestação do Rendimento Social de Inserção e abonos de família, e o acesso às finanças”.
Regista-se ainda uma “articulação com a saúde pública para aferir das necessidades ao nível da medicação e outras problemáticas, testagem covid – que já foi feita duas vezes – e processo de vacinação”.
“Estamos a apoiar através de bens alimentares, famílias ucranianas já residentes em Leiria e que acolheram pessoas deslocadas nas suas residências”, acrescentou.
O vereador com o pelouro da Protecção Civil, Luís Lopes, informou também que o Município de Leiria colaborou no transporte para trazer 116 refugiados, aproveitando alguns veículos para enviar bens para as fronteiras e mesmo dentro da Ucrânia.
“Já foram enviados para a Polónia, Hungria e também para dentro da Ucrânia, 55 paletes completas, 837 caixas de artigos diversos e 331 com carrinhos de bebés, camas, e outros artigos”, enumerou, ao salientar que tem a confirmação, através dos contactos da comunidade ucraniana, “que os bens estão a chegar onde são mesmo necessários”.
A campanha promovida pelo Município de resultou na oferta, pela comunidade leiriense, de bens suficientes aproximadamente para encher “sete semireboques, dois já despachados”.
Uma parte dos bens angariados está ainda em depósito no Estádio Municipal de Leiria, para envio para a Ucrânia e para disponibilizar em função das necessidades aos refugiados acolhidos em Leiria: 22 paletes de artigos de higiene, duas paletes medicação e artigos de saúde, 52 paletes de roupa, 44 paletes roupa de cama, nove paletes de calçado, quatro paletes alimentação, três paletes de comida animal e seis paletes de acessórios.
Na seleção da roupa, verificou-se a existência de cerca de seis contentores de vestuário e calçado danificado ou desadequado, sendo o valor angariado com a roupa reciclada depositado na conta da Cáritas Portuguesa criada para apoiar a Ucrânia.
O presidente do Município de Leiria, Gonçalo Lopes, revelou que Leiria é “o quinto distrito com mais pedidos de proteção temporária, registando 1.111 até 20 de Março. O concelho de Leiria é “a terceira capital de distrito, a seguir a Lisboa e Porto”, com 368 pedidos.