O projecto para a construção de uma unidade de produção de biometano a partir de efluentes suinícolas e avícolas, a desenvolver em Amor, no concelho de Leiria, obteve o estatuto de investimento com Potencial Interesse Nacional (PIN). A informação foi avançada pelo representante da Génia Bioenergy, empresa espanhola que, em parceria com a Repsol, vai investir perto de 40 milhões de euros na unidade, numa sessão realizada no passado dia 13, em Leiria, que contou com a presença do secretário de Estado da Agricultura, João Moura.
Na ocasião, Amândio Santos, que participou no encontro em representação do promotor, explicou que o reconhecimento como PIN, que permite alguma agilização nos processos de licenciamento, justifica-se pelo facto de o projecto “substituir importações” e pelo seu manifesto interesse ambiental.
Na mesma sessão, foi ainda revelado que o Estudo de Impacto Ambiental da unidade de biometano será entregue a 2 de Janeiro, havendo, da parte do promotor, a promessa de o mesmo ser “partilhado com a comunidade e com o grupo de acompanhamento”, que integra representantes da população e de várias entidades locais.
Traçando com meta para o início da operação “o último trimestre de 2026”, Amândio Santos reconheceu que há ainda “constrangimentos” a ultrapassar. Um deles prende-se com o acesso à futura central de biometano, já que o mesmo terá de ser feito em terrenos classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e implica a construção de uma ponte sobre o canal de rega.
“O acesso é um dos principais desafios”, assumiu, apontando também alguns constrangimentos relacionados com o regime de licenciamento da actividade. A expectativa é que através de um despacho conjunto de vários ministérios as unidades de biometano possam ser enquadráveis no Regime do Exercício da Actividade Pecuária (REAP), com o processo a ser coordenado pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, avança Luís Lopes, vereador do Ambiente.
Segundo o autarca, as duas unidades de biometano previstas para o concelho – além da de Amor, há outra em fase de licenciamento no Coimbrão -, juntamente com a capacidade de tratamento de dejectos animais instalada na ETAR Norte e nos sistemas internos de algumas explorações, darão resposta “à totalidade do efluente” produzido no concelho.
“Pode ser um virar de página num sector tão importante para Portugal”, antevê o secretário de Estado da Agricultura, secundado nesta sua expectativa pelo presidente da Associação de Suinicultores de Leiria, David Neves. “Leiria orgulha-se de, num futuro relativamente curto, dar um exemplo ao País de sustentabilidade, mudando radicalmente o paradigma do sector, passando a olhar para o efluente como um recurso e não como um resíduo”, afirmou o dirigente.
Preparada para tratar 400 mil toneladas de efluentes por ano, a unidade terá uma capacidade de produção energética anual de 107 Gwh.