Máscaras, lotação do areal, distanciamento social e entradas e saídas opostas são algumas das novidades desta época balnear, que tem arranque a diferentes velocidades.
Para evitar a propagação pelo novo coronavírus, a Direcção-Geral d a Saúde emitiu algumas regras, que deverão ser cumpridas nas praias marítimas e fluviais.
O acesso às zonas balneares será limitado, tendo em consideração a capacidade de carga de cada praia e a distância entre zonas de sombreamento definidas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Será obrigatório o uso de máscaras nos bares e restaurantes de apoio e não haverá actividades recreativas no mar como uso de gaivotas ou escorregas.
O cenário de toalhas quase umas em cima das outras dificilmente será observado.
Se acontecer, o Governo admite interditar a praia. Este ano, além das bandeiras que indicam o estado e a qualidade do mar e do areal, será exibida outra sinalização com a cor correspondente à lotação da praia.
Os turistas poderão ter acesso a esta informação antes de sair de casa, evitando deslocações desnecessárias. Através da app InfoPraia, disponível para descarregamento gratuito em qualquer smartphone, é possível ficar a saber a lotação da praia, assim como a qualidade da água e a temperatura do ar. Além de todas as restrições, o arranque da época balnear também difere entre praias do Norte, Centro e Sul e marítimas e fluviais.
Até quarta-feira de manhã, a APA apenas tinha divulgado a lotação das praias de Lisboa e Vale do Tejo (Oeste) e Algarve.
A praia da Nazaré tem uma capacidade potencial de ocupação até 17.100 utentes. É o areal com maior capacidade para acolher banhistas, segundo os dados divulgados pela APA, que ainda não tem informação disponível sobre as praias do Centro, nomeadamente nos concelhos de Leiria, Marinha Grande e Pombal.
“A Câmara não tem autoridade para dizer que não entra mais ninguém na praia. Isso é o que me preocupa. Os cidadãos têm o direito de usufruir da praia e quem é que vai dizer ao 17.101 que já não pode entrar?”, questiona Walter Chicharro.
O presidente do Município da Nazaré não as contas da APA para encontrar a lotação máxima da praia. “Num ano normal podemos ter 30/40 ou 50 mil pessoas no areal. Não percebo qual foi a fórmula para chegar aos 17.100. Há muita área na praia e não apenas as zonas concessionadas. Será que foi esse o indicativo?”
[LER_MAIS]Da responsabilidade da Autarquia, Walter Chicharro assegura que as praias estão preparadas para responder ao contexto de pandemia. “Temos um circuito de entradas e saídas, garantindo o distanciamento na circulação das pessoas. Há vigilância e haverá sinaléctica na praia a indicar o número da lotação”, explica.
O autarca sublinha que a famosa praia do Norte, conhecida pelas ondas gigantes, vai voltar a contar com nadadores-salvadores. “Os meios humanos e mecânicos vão ser reforçados. O custo é assumido pelo Município desde há três anos, mas é uma medida que mantemos para continuar a luta pela máxima: zero mortes no mar.”
Caldas da Rainha preparada
Em Caldas da Rainha, as duas praias do concelho têm uma capacidade para9.800 pessoas. “Esperamos que a capacidade potencial de lotação indicada, para cada uma das praias do concelho seja a adequada e suficiente para permitir o seu usufruto, em respeito pelas as normas que estão determinadas”, adianta o município em resposta ao JORNAL DE LEIRIA.
Estão a ser definidos os acessos de entrada e saída de praia, “potenciando as acessibilidades em passadeira, à zona de praia vigiada, equipamentos e apoios de praia, organizadas com dois sentidos de circulação”, onde estarão concentrados os meios de informação e de higienização.“A responsabilidade de sinalização na praia relativa à capacidade atingida é dos concessionários, no que serão apoiados pelo assistente de praia definido pelo Município”, acrescenta.
O Município recorda que o ministro do Ambiente “afirmou publicamente que o que se pretende com a sinalização é prestar informação ao utilizador das condições de ocupação da praia ‘para que este possa escolher ir a determinada praia ou a outra’, cumprindo as normas de distanciamento físico”.
Outra das medidas preventivas de redução de risco que a Câmara de Caldas da Rainha está a ponderar é a “de antecipação de colocação de meios de vigilância na praia, com início a 6 de Junho, dado o previsível aumento do afluxo às praias nessa data”. Isto apesar da abertura oficial da época balnear neste concelho estar definida entre 13 de Junho a 13 de Setembro.
Óbidos discorda da lotação
O Município de Óbidos considera “excessiva” a lotação apontada pela APA à praia do Bom Sucesso. “A aberta da Lagoa de Óbidos está, neste momento, muito para Sul, o que faz com que a praia tenha menos área disponível e, por isso, não tenha espaço para que 4500 pessoas, em simultâneo, possam manter o distanciamento social necessário. Já pedimos para que a APA reduza este número, porque queremos ter um Verão com segurança para todos os que cá estão e para todos os que nos visitam”, afirma Humberto Reis.
O presidente do Município de Óbidos acrescenta que “não tem recursos humanos, nem técnicos para poder fazer o controlo total de quem entra, de quem sai e de quantos estão na praia”.
“O início da nossa época balnear atrasou para 27 de Junho, prolongando-se até 13 de Setembro, precisamente para que possamos estudar todas as soluções e todas as parcerias possíveis”, assegura, ao destacar que tudo fará para que “Óbidos continue a ser um concelho sem quaisquer casos de Covid-19”.
Desconhecendo ainda a lotação da praia do Pedrógão, a vereadora do Município de Leiria, Ana Esperança, explica que “todas as entradas terão informação acerca da definição de circuitos das mesmas e recomendações a cumprir” pelos utentes. O controlo da lotação será realizado, conforme indicações da APA, por assistentes de praia designados para o efeito.
“O acesso à praia é livre, contudo, existindo incumprimento a praia poderá ser interdita”, por razões de saúde pública, alerta a responsável.
Na praia do Osso da Baleia, a época também ainda não arrancou oficialmente. Diogo Mateus, presidente da Câmara de Pombal, afiança que está a trabalhar para garantir todas as condições de segurança.
“Vamos criar uma passadeira, junto ao passadiço, com a distância devida, permitindo que as entradas e saídas não se encontrem e evitando que os utentes tenham de dar a volta ao areal para regressarem”, explica.
Também o parque de estacionamento sofrerá uma pequena intervenção, para delimitar melhor os lugares, contribuindo para um ligeiro aumento. O Município vai ainda iniciar, nos próximos dias, as obras de recuperação do parque de merendas.
Diogo Mateus revela que está em negociações com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e com a APA para a construção do passadiço na nova praia do Urso. “É preciso definir o que é área florestal.”
O JORNAL DE LEIRIA tentou ouvir os outros concelhos da região com praias, mas não foi possível até ao fecho da edição.