Foram vendidos até à data 582.870 terços comemorativos do Centenário das Aparições de Fátima. Dado que o preço de venda ao público de cada unidade é de 12 euros, os resultados atingem os 6,9 milhões de euros.
O projecto inclui uma componente solidária de um euro por terço vendido, a favor do Centro de Reabilitação e Integração de Fátima, para a construção de um lar residencial para adultos com deficiência.
Dos 582.870 euros destinados ao CRIF, já foram entregues à instituição 116.034 euros, dos quais 20.065 euros na semana passada.
“É um gosto para a Aciso poder apoiar esta obra”, afirma Purificação Reis, presidente da associação, uma das entidades parceiras do projecto do terço, destacando o serviço que o lar residencial vai prestar a um público “desprovido deste tipo de suporte”.
“Há muitas famílias com adultos com algum tipo de deficiência e quando eles perdem os pais ficam em situações muito delicadas”.
O terço comemorativo do Centenário das Aparições de Fátima nasceu de uma parceria entre a Associação Empresarial Ourém-Fátima (Aciso), o Santuário de Fátima e a Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
[LER_MAIS] Foi criado por uma equipa liderada por esta associação empresarial e que incluiu a assessoria do Santuário na elaboração de textos e selecção de imagens. Em termos de design do produto, teve o apoio inicial da jovem fatimense Kátia Silva e o grafismo do atelier Silvadesigners.
Foram cinco as fábricas locais, associadas da Aciso, que aderiram ao projecto e fabricam este artigo: Artesacris; Farportugal; José de Almeida Pereira; Manuel Reis Pereira – Unipessoal e Pereira, Silva e Reis.
Cada peça é acompanhada por um livro explicativo, disponível em sete idiomas, com um selo de certificação emitido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
O terço está no mercado desde Junho de 2016 e nos primeiros anos teve uma enorme aceitação, o que levou a Aciso a manter a aposta na sua promoção.
Com a pandemia e o encerramento do comércio o cenário mudou. “Este ano não se tem vendido nada, porque as lojas têm estado fechadas, mas esperamos conseguir vender ainda mais unidades”, afirma Purificação Reis.
A presidente da Aciso diz que se trata de um “produto especial”, feito manualmente, que “mais do que um objecto religioso, com o valor que tem para todos os crentes, é um objecto para coleccionar, para guardar como símbolo do Centenário das Aparições”.
“O terço teve um impacto enorme por várias razões: é um objecto comemorativo do centenário, que foi um grande momento para Fátima, que na altura recebeu a visita do Papa; resulta de uma parceria com o Santuário e com a Casa da Moeda, pelo que é um produto numerado e certificado. E porque contempla uma vertente solidária, para uma área desprovida de respostas”, frisa a dirigente.
Fonte do Santuário de Fátima explica ao JORNAL DE LEIRIA que esta entidade não podia deixar de se associar à iniciativa, por diversas razões.
“Desde logo, porque falar do terço é falar de Nossa Senhora e, por isso, é ir ao núcleo central da mensagem de Fátima”. E este terço foi pensado para assinalar os cem anos das aparições e da mensagem de Fátima.
“Em segundo lugar, esta parceria, ao envolver igualmente uma componente solidária, cumpre cabalmente outra das dimensões da mensagem de Fátima, onde a atenção ao outro é uma constante, em particular aos mais desfavorecidos, aos doentes e aos excluídos”.
“Finalmente, este terço, pela qualidade do produto, e pela sua certificação, pode levar a imagem de Fátima mais além, chamando a atenção para a importância da oração na vida de qualquer cristão e acentuando o pedido feito por Nossa Senhora, durante as aparições, para que os pastorinhos o rezassem todos os dias”, destaca o Santuário.
“Projecto superou expectativas”
“Este é o exemplo de um grande projecto que reuniu duas componentes: a económica, ao promover o desenvolvimento da indústria e comércio de artigos religiosos; a social, ao contribuir de forma muito significativa para a criação de uma importante resposta social para adultos deficientes. É pois motivo de grande satisfação e orgulho para a Aciso e certamente para todas as entidades parceiras envolvidas”, considera a associação.
“A indústria de artigos religiosos é muito antiga em Fátima, muito própria deste território, merece ser dignificada, apoiada e divulgada”, diz Purificação Reis. “Por isso, o projecto foi desenvolvido também para trazer valor acrescentado a esta indústria que não é conhecida, e que continua a ter alguma expressão”.
A empresa Manuel Reis Pereira – Unipessoal foi uma das que se associaram à iniciativa. Victor Pereira disse ao JORNAL DE LEIRIA que foi um projecto “lucrativo”, apesar de agora a produção estar estagnada, visto que o comércio está fechado.
“O projecto superou as nossas expectativas, não estávamos preparados para a quantidade solicitada. Se tivéssemos 300 mil terços para entregar no dia a seguir ao lançamento, tê-los-íamos vendido”, refere, lembrando que “foi a primeira vez que se desenvolveu um produto conjunto e com apoio do Santuário e da Aciso”.
Esta empresa dedica-se ao fabrico de terços e terá produzido, sozinha, metade dos terços do centenário, acredita Victor Pereira. Estados Unidos, Canadá, Brasil, Coreia, Itália e Austrália foram alguns dos destinos para onde a empresa vendeu este produto.
“É um projecto extraordinário, um dos melhores de Fátima. Nunca houve um produto que envolvesse números tão grandes de das”, diz Manuel Conceição, responsável da Artesacris, outra das empresas fabricantes. “Teríamos vendido mais se não tivesse havido a pandemia”.
Esta empresa fabrica artigos religiosos e emprega 35 pessoas. Neste momento, tanto a produção destes produtos como do terço do centenário está praticamente parada. “A Páscoa era das melhores épocas de comércio, mas agora está tudo fechado devido à pandemia”.
Para Hélio Henriques, sócio-gerente da Farportugal, outra das fabricantes deste terço, trata-se de um “projecto importante para o comércio em geral e principalmente para o CRIF”. “Fomos felizes no projecto, correu bastante bem”.
O objectivo é produzir mais unidades, assim a pandemia permita a reabertura dos negócios. “Estou em negociações para fabricar para o Brasil, 200 unidades por mês durante alguns meses, não sei exactamente quantos. Mas temos de aguardar”
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