A cerveja artesanal é um negócio em crescimento na região de Leiria, que já conta com várias marcas e um grupo de apreciadores cada vez maior. E os dias quentes de Verão e os muitos eventos que se realizam em época estival são sempre mais convidativos para desfrutar deste produto, regozijam-se alguns dos empresários do sector ouvidos pelo nosso jornal. O Festival da Cerveja Artesanal Leiria, por exemplo, irá animar o Mercado de Sant’Ana já nos próximos dias 18,19 e 20 de Agosto.
Hugo Casado é gerente da Pipa, marca de cerveja artesanal sediada na Batalha, presente no mercado há cerca de oito anos. Explica que o seu negócio arrancou com a venda de cerveja de outras marcas, produzidas noutros pontos do País.
Posteriormente, foi aprimorada uma primeira receita própria e nasceu a cerveja artesanal Pipa, que passou a ser fabricada nas instalações dos seus parceiros, em Oliveira de Azeméis e Marvão.
Actualmente, a insígnia da Batalha é responsável pela produção de cerca de 20 mil litros de cerveja artesanal, que é comercializada exclusivamente em stands próprios, em eventos. À excepção dos tempos de pandemia, o negócio tem vindo a crescer e o Verão é sempre de grande trabalho, explica [LER_MAIS]Hugo Casado.
São apenas três os colaboradores fixos da Pipa, que chega a contratar para serviços pontuais oito ou nove elementos, para festas muito concorridas em todo o País. Com Maçã de Alcobaça e mel da região de Leiria, a Cidromel é uma das várias cervejas da marca Pipa, nascidas do saber e da criatividade do mestre cervejeiro David Cadete, conta Hugo Casado. Os estrangeiros, de quase todas as gerações, são grandes apreciadores deste género de bebida, que capta também o interesse de cada vez mais portugueses, sobretudo a partir dos 30 anos, refere o empresário.
A par da cerveja, a Pipa apresenta- se em eventos com roulotes de porco no espeto, uma actividade complementar que tem feito sucesso, nota Hugo Casado.
Em Caldas da Rainha, depois de uma viagem pela Europa, um grupo de amigos, grande apreciador de cerveja artesanal – que não encontrava em Portugal oferta nem próxima do que conhecera fora do País – decidiu desenvolver as suas próprias receitas. Assim nascia, em 2014, a Cerveja Bordallo, uma marca que cresceu até à chegada da pandemia.
Os tempos são hoje de recuperação com dois tipos de cerveja em circulação. Além da Triple Zé Povinho, a Bordallo lançou já este ano Nas Águas das Caldas, uma Pale Ale. E no próximo ano, a insígnia de Caldas da Rainha espera voltar a comercializar uma antiga receita, adianta um dos responsáveis, Pedro Azevedo.
Juntamente com Paulo Bastos e Miguel Morais, Pedro Azevedo tem na produção de cerveja artesanal um passatempo e uma paixão, que vai partilhando com um grupo crescente de apreciadores.
Actualmente, a produção de Cerveja Bordallo ronda os quatro mil litros e é comercializada sobretudo no circuito local, entre mercearias, cafés e restaurantes.
Nelson Carlos é director da Xó Carago, marca de cerveja artesanal de Leiria, produzida na Pocariça. O negócio nasceu por iniciativa de um grupo de amigos, que lançaram as suas receitas no mercado em 2018. Já no ano passado, inauguraram um bar, também em Leiria, uma actividade complementar que valoriza o seu produto, explica Nelson Carlos.
“Apesar da cerveja artesanal ter um crescimento lento em Portugal, o Verão é sempre uma época favorável”, salienta o director da marca, que tem actualmente cinco receitas lançadas no mercado, além de outras sazonais, disponibilizadas através de vários distribuidores e numa cadeia de supermercados. Os maiores consumidores continuam a ser os estrangeiros, “mas os portugueses, mais timidamente, também vão aderindo”, expõe o empresário.
Essa adesão lenta, justifica Nelson Carlos, pode ser explicada por um certo conservadorismo do nosso público, mas também devido a más experiências que algumas pessoas possam ter tido e, não tendo gostado da primeira cerveja, recusam-se a provar outras, acredita o director.
Produção local, mas industrial Conhecida marca de cerveja de Leiria, a Xarlie não é uma cerveja artesanal, embora não deixe de ser um produto regional e produzido em pequena quantidade, repara Fábio Faustino, director desta empresa que tem fábrica no Barracão.
A Xarlie nasceu em 2016 e da sua fábrica sai uma cerveja “mais leve”, “ao estilo da cerveja sul americana”, define Fábio Faustino. Anualmente, a produção média de cerca de 500 mil litros é canalizada para o mercado nacional (60% a 70%) e para o mercado externo, sobretudo para França e Alemanha.
“Temos tido um crescimento gradual e consistente e trabalhamos muito bem no Verão”, refere o director da Xarlie, que emprega uma equipa de sete colaboradores.