Os números de violência doméstica continua a preocupar a Associação Mulher Século XXI, que consideram os números do primeiro semestre de 2024 “preocupantes”.
“Dos 96 casos novos do Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica do Distrito de Leiria, dez foram homens, o que nos leva a acreditar que os pré-conceitos do ‘homem não chora’ ou do homem que nunca é vítima, começam a ser lentamente ultrapassados, mostrando alguma evolução de comportamento”, refere uma nota de imprensa da associação.
Os dados mostram precisamente um aumento de dez novos casos em comparação com os primeiros seis meses de 2023.
A faixa etária entre os 36-45 anos e os 46-55 anos são os casos mais predominantes entre as mulheres. Já nos homens foram maioritariamente maiores de 65, seguida da faixa etária dos 26-35 anos.
A violência acontece predominantemente entre cônjuges, que coabitam, ou ex-companheiros/as. Já a tipologia de violência presente foi em 95 casos psicológica, física (70 casos), sexual (21 casos) e económica (19 casos).
Quanto à nacionalidade da vítima, 28 não eram de nacionalidade portuguesa, informa a Mulher Século XXI.
Violência sexual
A Associação Mulher Século XXI adianta ainda que dos 101 casos atendidos no Gabinete de Apoio à Vítima do Departamento de Investigação e Acção Penal de Leiria, 79 eram mulheres e 22 homens. Oitenta das denúncias estão relacionadas com violência doméstica e 20 com violência sexual.
Em 63 destes casos, as vítimas são menores. As faixas etárias são maioritariamente 12-15 (25 casos), 6-9 (15 casos), 10-11 (12 casos).
“Notamos um aumento da violência sexual, que muito nos preocupa”, salienta Susana Pereira, presidente da Mulher Século XXI, ao alertar ainda o crescimento da violência, não só doméstica, mas no namoro e na internet, contra crianças e jovens.
Defendendo que este é um tema que tem de ser “amplamente discutido”, a Mulher Século XXI afirma que tem vindo a assumir um compromisso com os agrupamentos escolares, na sensibilização de alunos, pessoal docente e não docente, nas temáticas de violência no namoro e igualdade de género.
Dos 28 acolhimentos de emergência (menos um face ao período homólogo de 2023), 16 são mulheres (faixa etária predominante 36-45) e 12 dependentes, que chegaram fugindo de situações de violência psicológica com cônjuges e ex-companheiros, mas também física (15 casos) e sexual (6 casos).
De realçar que, os últimos 16 acolhimentos (8 mulheres e 8 dependentes) foram imigrantes.
Na Resposta de Apoio Psicológico para Crianças e Jovens, dos 23 casos novos, 16 crianças e jovens são do sexo feminino. Em 18 dos casos o alegado agressor foi um dos progenitores e em 21 era do sexo masculino.