Em Janeiro, celebrar-se-ão sete anos que o Instituto de Jovens Músicos (IMJ) foi criado na vila da Caranguejeira, Leiria.
Esta é uma escola de música de uma vila que dista apenas 15 minutos de Leiria e outros 15 de Fátima e que conseguiu marcar posição ao criar uma orquestra de violinos dedicada a alunos de muito tenra idade – o mais novo tem apenas três anos, estabeleceu um método único para ensinar a tocar concertina e aposta numa escola de rock para atrair os mais jovens.
Sim, os ares do Instituto de Jovens Músicos vibram com as criações de AC/DC, Led Zepelin, U2, Queen e de outros monstros sagrados do rock. Mas voltemos aos pequenos artistas do arco de violino. As aulas são administradas pelo Método Suzuki – pais e filhos, dos três aos cinco anos -, em duas turmas com 30 crianças.
“Fornecemos um violino a cada criança. É um investimento co-financiado pela Fundação Caixa Agrícola, que, todos os anos nos dá uma verba que nos permite comprar alguns violinos e praticar uma propina baixa de apenas dez euros por mês”, refere Jorge Barbosa.
O professor de formação musical e mestre em Ensino de Música, com variante de Formação Musical e Classe de Conjunto é o director pedagógico do IJM e do Canto Firme, um dos conservatórios de Tomar e, juramente com a mulher, Felizbela, gere a instituição. A mensalidade de baixo custo foi pensada para dar acesso à música às famílias com menos recursos.
A curto prazo, o plano é criar uma orquestra de cordas na escola. “A música é algo que faz todo o sentido numa criança que está numa fase de aprendizagem. Os estudos indicam que quem aprende música muito jovem tem maior facilidade em aprender a ler, devido ao trabalho auditivo”, adianta Felizbela Barbosa.
Além disso, a música também ajuda à aprendizagem da matemática, em idades superiores, pois fortalece a capacidade de raciocínio. “Tenho um filho que é prova disso. É bom a matemática”, diz. Ao todo, há 13 professores numa instituição com mais de 290 alunos e que nunca fecha portas.
É a maior escola de concertinas do distrito, tendo desenvolvido um modelo próprio para ensinar a tocá-las. “É um instrumento diferente que não tinha um método adaptado para ela”, conta o director pedagógico. Carlos Barbosa, um dos docentes, criou de raiz um método próprio para a concertina e as aulas, individuais, são um sucesso.
Dos sete aos 80 anos, o modo de aprendizagem assegura que as manhas e teimosias do instrumento sejam dominadas em pouco tempo e por qualquer um. A atestar este facto, está a idade de alguns alunos: o mais novo tem quatro anos e, o mais velho, 86. IMJ quer expandir instalações.
O IJM começou ao mesmo tempo que as aulas que Jorge Barbosa dava numa sala de sua casa, quando ainda estudava. O número de alunos aumentou e foi preciso evoluir para uma solução mais completa.
“Sentimos necessidade de criar um espaço dedicado ao ensino e adquirimos o actual edifício que foi todo reestruturado no ano passado”, conta Jorge que é autor de uma dissertação de mestrado que recebeu o título Factores que influenciam a escolha do instrumento musical em crianças do ensino especializado da música.
No futuro próximo, o casal pretende aumentar o espaço e já adquiriu um terreno junto ao actual IJM. O crescimento tem sido gradual e sempre com uma aposta em projecto diferentes, que têm levado o reconhecimento à escola.
“Fomos os primeiros no concelho a ser centro de exames de duas entidades inglesas: a Rock School e a ABRSM [Associated Board of the Royal Schools of Music]. Que contam com cursos certificados internacionalmente e há quatro anos que somos centro de exames. Há outras entidades que dão cursos da Rock Schoolmas vêm aqui fazer os exames anuais”, explicam.
A Rock School está direccionada para o pop-rock e a ABRSM para a música clássica. O número de alunos a fazer exames tem crescido anualmente e, para o ano, só para a primeira instituição esperam-se mais de meia centena de candidatos.
O estabelecimento de ensino artístico ministra aulas de guitarra, baixo, bateria, canto e teclas, tudo direccionado para o pop-rock, mas também para o jazz. Uma vez por semana os alunos tocam em grupo, nos combos, onde aprendem a “fazer” bandas e tocamrock clássico e contemporâneo.
“No ano passado, desafiámos os grupos a compor temas originais que tivessem o nome da escola no refrão. Houve uma votação nas redes socais e o prémio era a gravação do tema em estúdio”, recorda Jorge Barbosa.
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