Passam poucos minutos das 14:30 horas de quinta-feira, dia 3. Pomos em marcha a primeira tentativa para estacionarmos nas imediações da Avenida Marquês de Pombal, num lugar não pago.
Seguimos pela Rua da Restauração, atravessamos o Largo de Santa Isabel em direcção às Ruas João XXI e Dr. Magalhães Pessoa e Avenida José Jardim.
Nem um lugar disponível, porque não queremos arriscar, aproveitando um ou dois espaços existentes em cima do passeio ou das várias linhas amarelas que, nos últimos tempos, 'invadiram' aquela zona, à semelhança do que aconteceu noutros pontos da cidade, como o Bairro dos Capuchos.
Fazemos uma segunda tentativa, com o mesmo resultado. Acabamos por nos render… Estacionamos na Marquês de Pombal e pagamos.
“A esta hora, é difícil. Só mais para o final do dia. Os carros são parados de manhã e só saem à noite. Na maioria dos casos, são de pessoas que, como eu, trabalham na zona e procuram lugares não pagos”, explica Filipa Dias, que, nesse dia, teve sorte e conseguiu estacionar num lugar “regulamentar”.
Outras vezes tem de fazer como Ana, cujo escritório da empresa fica na Rua Sá de Miranda: “Deixo em segunda fila e vou espreitando, a ver se a polícia não aparece ou se alguém precisa que retire o carro”. Uma estratégia que já lhe valeu duas multas.
Os testemunhos de Filipa Dias e de Ana são comuns a muitas pessoas que vivem ou trabalham nas imediações da Marquês de Pombal, da Quinta de São Bartolomeu, no Bairro dos Capuchos ou na Rua Anzebino da Cruz Saraiva, entre outras das zonas residenciais que estão ser usadas como parques de estacionamento gratuitosobretudo, desde que, há alguns anos, foram instalados parquímetros no centro de Leiria.
Especialista em mobilidade e docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Álvaro Costa frisa que o estacionamento pago “é uma forma de reduzir a pressão no centro das cidades”, regulando o acesso “às áreas mais centrais”. Mas, frisa, a medida não pode ser “isolada”, sob pena de “estarmos a resolver o problema num local, mudando-o para outro”, nomeadamente, para “as zonas residenciais”.
Ora, é precisamente disso que se queixa, por exemplo, quem mora nos Capuchos, um dos principais bairros da cidade que hoje está transformado em parque de estacionamento para quem trabalha nas imediações, nomeadamente, na Câmara, Tribunal, Segurança Social ou Finanças.
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