“Queremos abanar a cidade, porque nos dá a sensação de que Pombal, por vezes, adormece", diz Leonel Mendes que, em conjunto com Vasco Faleiro e Carlos Calika, assegura a direcção artística do festival Oh da Praça!, que promete voltar a animar Pombal, nos dias 26 e 27 de Abril. Além de promover animação, o evento elege como missão reanimar e chamar a atenção para zonas do centro histórico da cidade que, embora emblemáticas, deixaram de ser ocupadas pelos habitantes, soprando-lhes vida e animação, com 15 concertos, dança, artesanato e uma arruada pelas ruas. A entrada em todos os eventos é gratuita.
"As gerações mais novas não sabem o que é 'viver a cidade'; estão distraídas com telemóveis e redes sociais e esquecem o convívio entre pessoas e, lugares importantes na cidade, além disso, Pombal, para viver, precisa de mais do que indústria, serviços e bares e mais bares. Precisa de uma dinâmica e de voltar a ser vivida", afirma Mendes, que também é músico e dá corpo ao alter-ego Rapaz Improvisado, para explicar que a organização pretende que este seja um evento com cariz experimental, que “mete o dedo na ferida e abre portas e ocupa espaços que estão aparentemente abandonados”, acordando a cidade da modorra em que vive boa parte do ano. "Voltaremos ao Celeiro do Marquês, usaremos o Largo 5 de Outubro – uma praça que é importante dinamizar -, e iremos ao Jardim da Várzea, que já foi um espaço muito importante em Pombal e que agora está abandonado. A intervenção artística deste tipo faz com que as pessoas se aproximem de zonas que estão despovoadas”, acredita.
DIA 26
21:30 horas
Celeiro do Marquês
Escola de Dança Adriana Jaulino;
Coro Juvenil da Misericórdia de Pombal;
Luís Travassos;
Arriscados dj set;
Exposição de Fotografia por André Malheiro;
Artesanato.
DIA 27
14 horas
Ruas de Pombal
Filarmónica Artística Pombalense;
Praça Faria da Gama
14:30 horas
Escola de música Musicool;
Largo 5 de Outubro (Pelourinho)
15:10 horas A Dama Estor; Eyze.
Jardim da Várzea
16:30 horas
Submarines in the Sky;
Toothless.
Jardim do Cardal
17:45 horas
Escola de Dança ART Movement;
Colton Benjamin;
Mezcla
21:45 horas
Escola de Dança Fabrikarts;
Issa Bella;
Marufa; Daniel Catarino;
Fast Eddie Nelson;
Araponga.
Coreto do Jardim do Cardal
15 horas
Exposição de Fotografia em Colódio Húmido e sessão fotográfica com Telmo Mendes Artesanato
Este ano, o festival, que está inserido nas comemorações do 25 de Abril, abrirá ao desfrute da população o esquecido Jardim da Várzea, enquanto palco de fruição cultural e transformará o Jardim do Cardal e o seu coreto emblemático no centro nevrálgico do evento.
Com dois dias, mais um do que na primeira edição, e novos espaços e palcos, a música continua a estar no olho do furacão que é o Oh da Praça!, reservando um carinho especial para projectos emergentes ou com menor visibilidade, mas haverá ainda artesanato e espaço para a dança, com a presença de três estabelecimentos locais de ensino artístico – Frabricarts, Escola de Dança Adriana Jaulino e da Art Movement -, uma vez que, no dia 29 de Abril, se celebra o Dia Mundial da Dança. "As escolas irão inaugurar os palcos antes da entrada das bandas e iremos ter também duas exposições de fotografia", sublinha Pedro Pimpão, presidente da Junta de Freguesia de Pombal, autarquia que partilha a responsabilidade na organização do evento.
O festival troca o Celeiro do Marquês, onde decorreu no ano passado o grosso da programação, [LER_MAIS] pelo Largo do Cardal para se dar a conhecer e atrair público. Mesmo assim, será no pátio do Celeiro que a Escola de Dança Adriana Jaulino dará arranque à edição deste ano com um número de dança, no dia 26, às 21:30 horas.
Logo de seguida, no primeiro piso do edifício, acontece uma quase estreia do recém criado Coro Juvenil da Misericórdia de Pombal. Luís Travassos, um cantautor de Coimbra, que junta música ligeira portuguesa com fado em ambiente intimista, será o artista que se segue, e a primeira noite encerrará com um dj set pelos Arriscados, uma dupla local, amante de rock'n'roll.
"Teremos também, nesse espaço, uma exposição de fotografia urbana de André Malheiro, com imagens que ele fez em Nova Iorque, Paris, Estocolmo, entre outros locais", adianta Leonel Mendes.
No sábado, dia 27, a Filarmónica Artística Pombalense anunciará, pelas ruas da cidade, a partir das 14 horas, que está prestes a arrancar o segundo dia do Oh da Praça!. A Praça Faria da Gama será o ponto dessa ignição com um espectáculo pela Escola Musicool. Às 15:10 horas, de forma encadeada, começam os concertos das bandas de Pombal A Dama Estor e Eyze, no Largo 5 de Outubro.
"Foram feitos convites a artistas para estarem presentes, mas também foi aberta a possibilidade aos talentos locais de reclamarem para si tempo de palco e darem a conhecer o seu trabalho. Pedimos que nos enviassem trabalhos e gravações para podermos escolher algumas das propostas na programação", sublinha Pedro Pimpão.
O Oh da Praça! volta a contar com uma iniciativa solidária, desta vez, apoiando o projecto Nha Cretcheu – Pombal – Mindelo, do Agrupamento de Escolas de Pombal, dinamizada pelo Comboio da Memória, projecto de ensino e memória do Holocausto, pelo Clube dos Direitos Humanos e pelo Young VolunTeam, cujo objectivo é criar formas e plataformas de intercâmbio cultural, cívico e humanitário, entre os alunos da nossa escola e as comunidades escolares da ilha de São Vicente (Cabo Verde). Durante o evento, os alunos e professores irão vender sabonetes feitos por si, nas aulas de Química, compotas e outros artigos, de modo a financiar a aquisição de material escolar e uma ida dos alunos a Cabo Verde. Durante os concertos, também deverá passar um chapéu pelo público para que este contribua com o que entender.
Espaço para promoção
Leonel Mendes refere que boa parte dos colectivos de Pombal são bandas de covers que não ousam ou não têm espaço nem oportunidade de tocar os seus originais. "Tocam nos bares da cidade… e até no Café-Concerto. Acho um pouco estranho que não haja mais música original."
Após esses dois primeiros grupos, que apresentarão um rock mais pesado, no Jardim da Várzea, actuam os Submarines in the Sky e os Toothless, também de Pombal, a partir das 16:30 horas.
"A maior parte do programa acontece no Jardim do Cardal, um cenário em estilo romântico onde a Escola de Dança ART Movement se apresentará a partir das 17:45 horas, no dia 27. Segue-se uma banda de folk e blues, proveniente de Lisboa, os Colton Benjamin, e a seguir sobem ao palco os Mezcla, de Ansião."
A Escola Fabrikarts abrirá o serão no Cardal, às 21:45 horas. Os dois projectos locais Issa Bela e Marufa, que acabaram de lançar o CD O Inverno Severo, serão os primeiros a actuar. Daniel Catarino, cantautor alentejano, seguese em formato trio de intervenção mesclado com rock'n'roll e Fast Eddie Nelson, o carismático cantor com uma carreira firmada desde o final dos anos 90, é o peso-pesado, na área do rock, blues e sons influenciados pelo Mississippi que a edição deste ano resolveu convidar a estar presente. "Para acabar, teremos o Araponga, uma personagem criativa e performática que se auto-recria sempre que sobe ao palco. Escolhemo-lo porque não quisemos acabar com os tradicionais dj", sintetiza Leonel Mendes.
Conversa de café
O Oh da Praça! começou como quase todas as boas ideias, com uma simples conversa de café do músico Vasco Faleiro, com o presidente da Junta de Pombal, Pedro Pimão. O músico de Pombal queria fazer algo de diferente nas ruas da cidade. Pimpão foi conquistado pela paixão das suas palavras e sugeriu que ele, em conjunto com a Junta pegassem na ideia.
"Esta é uma coorganização a que apelidei de 'cultura de proximidade' ou 'cultura participativa', porque nasceu de uma ideia partilhada com agentes culturais locais, a partir de uma ideia do Vasco a quem se juntou, na primeira edição, Leonel Mendes e, este ano, Carlos Calika, como directores artísticos do festival e a Junta de Freguesia. As ideias têm surgido sempre dentro de um espírito de partilha", refere o autarca, agradecendo ao espírito gracioso e voluntário com que o trio abraçou o projecto.
"A nossa recompensa é simplesmente a felicidade de fazermos aquilo de que mais gostamos. Hoje, já imaginamos riar um festival de renome na região Centro. Pombal tem excelentes condições de transportes e serviços públicos", afirma Faleiro, agradecendo a ajuda da Câmara Municipal, embora entenda que poderia ter havido um "apoio em termos financeiro e de divulgação mais afincado". "Sabemos que deram o que puderam e que não podemos estar à espera que a autarquia nos dê tudo 'de mão beijada', nesta edição do festival."
Já Pimpão acredita que o evento vai ajudar na candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura, na medida em que Pombal é um dos 26 concelhos que fazem parte da Rede Cultura 2027 e pretende contribuir para essa causa.
O Oh da Praça! conta com parcerias com a Associação dos Artesãos de Pombal, com a Galeria Cabaret, de Abiul, com o Teatro Amador de Pombal, com a Misericórdia de Pombal, com a Filarmónica Artística Pombalense e com o apoio logístico da Câmara de Pombal. O orçamento será em parte suportado por várias empresas, hotéis, espaços comerciais e de restauração que aceitaram serem apoiantes e patrocinadores do evento.