Com clientes em Hollywood desde há vários anos, a Sound Particles acaba de estrear, em Janeiro, o primeiro produto específico para a indústria da música: a extensão Energy Panner, que permite controlar o movimento do som e adicionar-lhe dinâmica e profundidade.
Outras ferramentas para o mesmo público, com utilidade em estúdio e ao vivo, vão aparecer na terceira geração do software Sound Particles, com lançamento nos próximos meses, a primeira versão a incluir funcionalidades dirigidas a músicos, artistas, produtores e engenheiros na indústria da música.
“Já temos clientes que trabalham desde Metallica a Lady Gaga, Adele, Beyoncé, entre outros. O feedback é particularmente positivo”, explica Nuno Fonseca, CEO da empresa de Leiria.
Desde o remake de Poltergeist estreado em 2015, o Sound Particles é utilizado nos principais estúdios de Hollywood. Está presente, por exemplo, no filme Star Wars: Rise of Skywalker ou na série de ficção Game of Thrones.
Os sistemas de partículas e o motor 3D inspirado na computação gráfica permitem aos utilizadores do Sound Particles construir o ambiente áudio de mundos complexos mais depressa e mais realisticamente, com todos os sons de uma batalha épica, milhares de violinos a tocar em simultâneo ou um milhão de vozes a cantar ao mesmo tempo.
A investida na indústria da música decorre da estratégia que visa definir o futuro do áudio na indústria do entretenimento, incluindo cinema, televisão, realidade virtual, concertos, rádio e videojogos.
“Somos únicos num mercado de nicho, mas, obviamente, não queremos continuar num mercado de nicho, o que significa que temos de alargar as funcionalidades para alargar o mercado que vamos servir”, explica Nuno Fonseca, antigo investigador e docente do Politécnico de Leiria, criador do software Sound Particles e administrador da empresa com o mesmo nome, que mantém a sede em Leiria e emprega 20 pessoas, uma delas em Londres. Cerca de 95% dos trabalhadores têm licenciatura, mestrado ou doutoramento e mais de metade são programadores.
Depois de, em 2019, receber 400 mil euros da Indico Capital Partners e da Red Angels, em troca de 25%, a Sound Particles planeia uma ronda de investimento série A ainda em 2021.
Na origem do Sound Particles está a ideia de aplicar ao som a abordagem tridimensional utilizada na computação gráfica 3D. Por exemplo, nos videojogos. Primeiro, em títulos como Assasin’s Creed: Origins ou The Outer Worlds, e, mais recentemente, através da Epic Games, editora responsável pelo êxito Fortnite, que apoiou a empresa de Leiria com 50 mil dólares (41.500 euros).
Os filmes que já recorreram ao Sound Particles incluem Independence Day: Resurgence, Smurfs: The Lost Village, Wonder Woman, Cars 3, Despicable Me 3, Justice League, Ralph Breaks The Internet, Aquaman e Frozen II, entre outros, além de séries como Star Trek: Discovery, Game of Thrones ou The Walking Dead.
Cerca de 55% da facturação da Sound Particles tem origem na Califórnia, 10% em Londres e o remanescente no resto do mundo.
A licença da versão mais recente do software para empresas custa 881 euros (355 euros para particulares) e as subscrições anuais variam entre 15 e 45 euros.