O Grupo NOV, de Leiria, acaba de entregar o último lote de casas, quatro mil habitações sociais, que construiu na Venezuela. O projecto arrancou em 2011 e contempla 12.300 fogos em duas cidades vizinhas da capital, Caracas.
Na Venezuela, Joaquim Paulo Conceição, CEO do Grupo, disse à Lusa que em causa está um projecto emblemático nas relações luso-venezuelanas, e que o administrador considera um exemplo do trabalho das empresas nacionais.
Joaquim Paulo Conceição reconheceu que o ritmo de trabalho variou muito desde 2011, quando o projecto começou, antes da crise económica atingir duramente o país. “No pico do projecto conseguimos entregar 26 edifícios por mês, mais de 500 casas por mês. As coisas, entretanto, mudaram, os recursos foram sendo mais baixos (…) sentimos a necessidade de nos adaptarmos às dificuldades que existem e que são bem conhecidas na Venezuela, portanto foi diminuído o ritmo de produção e de entrega”, disse o empresário em Ocumare del Tuy, uma das duas cidades onde a empresa está a construir as habitações.
“Estamos a atingir quatro mil casas. É um marco muito importante para nós, que contribui para o alojamento de 20 mil venezuelanos que não tinham casa até agora e ajuda-nos a ficar muito satisfeitos”, disse o CEO do Grupo NOV.
A entrega do último lote, no final de Fevereiro, “é mais uma etapa” de um projecto “completamente desenhado por nós e que tinha a grande vantagem de fazer uma construção muito rápida”, explicou.
Recorde-se que o projecto teve início em 2011, com a construção de duas fábricas para fazer pré-fabricados e a formação de mais de 300 trabalhadores venezuelanos. Entre as dificuldades que o antigo Grupo Lena enfrentou no país esteve a “desvalorização do preço do petróleo, em 2014”, que acentuou a crise política, económica e social da Venezuela.
A chave para o sucesso do projecto foi a “nossa resiliência”, admitiu Joaquim Paulo Conceição. “Entre mais de uma dezena de protocolos para a construção de habitação social, o único protocolo vivo é o português, o nosso. Não fizemos o que outros fizeram, que às primeiras dificuldades acabaram por sair, mas isso não significa que não tenhamos essas dificuldades”.
Uma centena de empresas portuguesas envolvidas
Joaquim Paulo Conceição salientou a responsabilidade social do Grupo de Leiria, que contribuiu para que outras empresas portuguesas tivessem também oportunidade de colaborar neste projecto. “Começámos em 2011 e trouxemos 100 empresas portuguesas que provavelmente não teriam sobrevivido à grande crise que existiu em Portugal em 2011 (…) contribuímos, com este projecto, com mais de 400 milhões (de euros) de exportações de Portugal para cá”, frisou.
Já o director-geral do Grupo NOV na Venezuela, Jorge Lopes, explicou à Lusa o contributo deste projecto, em matéria de criação de emprego. O responsável sublinhou que na construção dos imóveis trabalham 300 pessoas directamente e outras 500 de maneira indirecta.
Recorde-se que construção destas casas pré-fabricadas foi anunciada numa visita àquele país pelo então primeiro-ministro José Sócrates, e referida como um dos principais projectos portugueses na Venezuela.