A Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo da Região de Leiria (Acilis) perdeu cerca de 40% dos 2.280 associados na sequência das consequências económicas da pandemia de covid-19, disse hoje o presidente da organização.
“Antes da pandemia, em fevereiro de 2020, tínhamos cerca de 2.280 associados ativos (com as quotas actualizadas), distribuídos, maioritariamente, em Leiria, Batalha e Porto de Mós.
Agora, perdemos cerca de 40% dos associados”, afirmou Lino Ferreira, numa resposta escrita enviada à agência Lusa.
Segundo o responsável, “a maior perda de associados verificou-se no sector da restauração e similares, nomeadamente nas empresas de pequena dimensão, que foram obrigadas a fechar por imposição do Governo”.
“Verificou-se uma quebra de associados, maioritariamente do sector de restauração e similares em Leiria de 25%, em Porto de Mós de 30% e uma quebra de 40% de associados da Batalha, vila turística que se viu totalmente desprovida de qualquer turismo”, apontou.
O dirigente admitiu que, “devido à falta de tesouraria por parte das empresas, também a Acilis tem vindo a perder associados, não só pelas empresas que encerraram, como também por falta de pagamento das quotas e redução de custos, como forma de contenção de despesa”, situação que “acarretou diminuição de receita” para a associação, “afectando-a financeiramente”.
Sobre os apoios ao sector empresarial, sublinha que “não têm sido suficientes”.
“As moratórias não são fundos perdidos, as linhas Covid não são subvenções e temos consciência de que muitas empresas não irão ter capacidade de solver responsabilidades futuras”, referiu, reconhecendo o esforço do Governo nesta matéria, mas insistindo que os “apoios são insuficientes e de grande complexidade, com legislação imensa e muito dispersa”, oriunda “de vários ministérios e é muito difícil o que existe chegar aos empresários”.
Por outro lado, entende, “a legislação é publicada sem a antecedência necessária para permitir às empresas adaptarem-se, sendo que nem sempre o que é anunciado é o que é publicado”, defendendo que deveria “ser criada uma plataforma onde qualquer empresário pudesse aceder e verificar, facilmente, quais os apoios que tem disponíveis para a sua actividade”.
Lino Ferreira considerou ainda que “as empresas mais recentes estão muito desprotegidas, ficaram desprovidas de qualquer apoio, por não terem condições de acesso aos programas”.
“Para estas empresas, o mínimo exigido de quebra de facturação deveria ser inferior e não igual às empresas já instaladas e com histórico”, disse, destacando que “seria importante para a sobrevivência das empresas a continuidade do ‘layoff simplificado’ até final de 2021 e a constituição de um fundo de capitalização das empresas que lhes permita reforçar as suas estruturas de capitais, para poderem concorrer a novos fundos e apoios no período pós-pandemia”.
O dirigente alerta que “muitas das empresas, nomeadamente as de dimensão mais pequena, já não irão reabrir”.
“Algumas com quebras superiores de facturação mensais homólogas acima dos 80% não têm capacidade para suportar os seus encargos operacionais, nomeadamente o pagamento de salários aos seus trabalhadores”, resumiu, registando que, “apesar do panorama difícil, com muitos constrangimentos e limitações, este desconfinamento, mesmo de forma faseada, é um sinal de esperança para os empresários”.