Driblam com a bola pelas quatro linhas para arremessar os adversa?rios. Dos mais pequenotes e pequenotas aos seniores, encontramos em cada um motivos diferentes para se dedicarem a? modalidade. Mas todos falam da paixa?o pelo basquetebol.
“Gosto muito desta colectividade, ajuda-me a crescer enquanto pessoa e jogadora e ate? na escola sinto que fico mais calma e sei lidar melhor com os problemas”, confidencia envergonhada Laura Nunes, do Soutocico, no concelho de Leiria.
A meio do treino de segunda-feira e escondida das colegas a? porta do pavilha?o da escola D. Dinis, quase se engana na idade (17 anos) mas sabe perfeitamente que comec?ou nestas andanc?as ha? quase uma de?cada no clube da sua terra. E isso nota-se quando entra em campo com a camisola da Unia?o Desportiva de Leiria e deixa a vergonha para correr pelos objectivos comuns que se concretizam com a bola no cesto. Ri-se. “E? isto”, atira a fa? de Michael Jordan.
Mais novinha e ja? cansada do “suici?dio”, o exerci?cio de aquecimento cujo nome diz tudo, Sofia Fonseca, de 13 anos e do Zambujo, partilha que experimentou a modalidade a convite de uma amiga. “Nunca tinha em mente fazer isto, mas achei uma coisa diferente e gostei”, explica de sorriso rasgado e olhos bem azuis uma das mais recentes atletas da equipa.
“No fundo elas aprendem a brincar e, mesmo que na?o se ganhe nada, isso e? o mais importante”, acrescenta o treinador.
De regresso, como te?cnico, ao campo onde comec?ou por ser jogador, Pedro Custo?dio, de 44 anos, conta que “ate? as tabelas sa?o as mesmas” e confidencia que apenas trocou de lado do campo “por causa do filho” que esta? no mesmo clube.
Ciente de que “representar a Unia?o Desportiva de Leiria e? um peso grande porque e? um dos clubes que mais nome da? a? cidade e acarreta muita responsabilidade”, garante que os “atletas te?m merecido muito respeito pelo esforc?o e dedicac?a?o que colocam em campo”.
E isso e? transversal: do minibasquete onde os miu?dos se deixam encantar pela modalidade, passando pelos va?rios escalo?es de forma- c?a?o nos dois ge?neros ate? a? equipa se?nior masculina que este ano esteve muito perto de alcanc?ar a primeira divisa?o.
Sa?o eles que, pouco depois, entram em campo no Pavilha?o do Lis, nas Cortes, para consolidar o trabalho conquistado. Mesmo depois da e?poca ter acabado.
“O que e? que esta equipa tem de especial? A versatilidade entre pessoal com alguma experie?ncia e outros mais novos que vieram da formac?a?o, espi?rito de equipa, garra e o querer vencer”, na?o hesita em responder o vice-capita?o Marco Dias, de 30 anos, mesmo depois de um longo dia de trabalho.
Como a maioria dos miu?dos da sua idade, tambe?m ele comec?ou por jogar futebol mas rapidamente trocou as balizas pelos cestos nos intervalos e horas de almoc?o dos tempos de escola e hoje assume “emoc?a?o e amor a? camisola” na modalidade.
Talvez por ser um “jogo onde esta?o sempre a acontecer coisas”, tenta traduzir o colega Tiago Neves, de 20 anos. A estudar desporto e bem estar, esta? a terminar o curso de treinador e da? os primeiros passos como te?cnico com a equipa de formac?a?o sub-14. “Acredito que estamos todos a fazer um bom trabalho para afirmar o basquetebol na Unia?o”, sublinha quem comec?ou a driblar ha? mais de dez anos porque era “o maiorzinho da turma”.
Felizmente, interrompe entre risos o treinador que esta? no banco, “isto ja? na?o e? exclusivo de pessoas altas”. “O basquetebol tem evolui?do muito no aspecto te?cnico e hoje em dia os jogadores fazem tudo, independentemente da altura, e todos te?m de saber jogar com bola, sem bola, fora, dentro”, explica sobre a modalidade onde “ha? espac?o para todos”.
Ale?m de te?cnico, Pedro Andre?, de 52 anos, e? tambe?m presidente da secc?a?o. Nos tempos de escola foi atleta de andebol, mesmo sabendo que o seu corac?a?o era do basquetebol, e rapidamente percebeu que seria treinador.
“Sem amarras”, garante que deixa a porta aberta para quem quer entrar e sair mas nem assim a equipa deixou de o acompanhar pelos clubes por onde passou ate? chegar ao leiriense.
“A base desta equipa se?nior tem atletas que eu treino desde pequenos, esta? aqui muito do que lhes passei e do que construi?mos”, sublinha emocionado.
Modalidade renasceu na Unia?o
Adeptos de uma “escola de aprendizagens, valores e pessoas”, tre?s treinadores aproveitaram o embalo da sai?da de um clube da regia?o para fundar um novo projecto.
Com filhos nas equipas, Pedro Custo?dio, Pedro Andre? e Se?rgio Ludovino assumiram a missa?o e responsabilidade de formar e acompanhar atletas de todas as idades. Renascia assim, ao fim de va?rias de?cadas, a secc?a?o de basquetebol da Unia?o Desportiva de Leiria, clube que ale?m de futebol tem tambe?m futebol de praia, bilhar e eSports.
“Queri?amos fazer algo diferente e acredito que estamos a conseguir porque aqui os atletas te?m nomes e conhecemos-los todos… Na?o sa?o nu?meros e os resultados ve?m sempre depois”, afirma Pedro Custo?dio.
O arranque com mini-basquete e a equipa de seniores conquistou muitos atletas mas a pandemia e as respectivas restric?o?es atrapalharam os primeiros tempos. Tre?s e?pocas depois, o clube aposta no feminino, reforc?a a formac?a?o em va?rios escalo?es e conta com quase uma centena de atletas.
“O projecto do mini-basquete e? fundamental para divulgar a modalidade e captar jovens atletas, e a equipa se?nior e? importante para a continuidade da formac?a?o porque faz os mais pequenos terem objectivos no desporto”, explica o presidente. Com ambic?a?o de aumentar o nu?mero de atletas mas certo de que a aposta nos “alicerces da casa” se vai manter, garante que “ha? muito trabalho para fazer” e mostra-se “feliz com o projecto”.
Uma e?poca de conquistas
Apesar de o objectivo principal ser “a formac?a?o e o crescimento dos atletas”, certo e? que os ingredientes colocados no clube esta?o a traduzir-se em resultados.
A primeira e?poca 2019/20 foi manchada com o ini?cio da pandemia, depois 2020/21 praticamente na?o existiu por causa das restric?o?es e, agora, 2021/22 foi a hora de erguer a camisola branca com o emblema do castelo.
“O trabalho compensa, a dedicac?a?o da? frutos e o compromisso da? garantias”, sublinha o te?cnico Se?rgio Ludovino sobre as disputas na distrital mas tambe?m na nacional.
Numa e?poca em que foram “o clube com maior presenc?a nos pontos altos da Associac?a?o de Basquetebol de Leiria”, o treinador enaltece as conquistas dos campeo?es distritais sub-14 que guerrearam o apuramento para o nacional, os vice-campeo?es sub-16, o encerramento do po?dio conseguido pelos sub-18 e o quarto lugar das sub-16 femininas.
O clube esteve tambe?m presente com escalo?es de formac?a?o em competic?o?es organizadas pela Federac?a?o Portuguesa de Basquetebol e levou os seniores a? disputa da primeira divisa?o.