Dos cerca de 277 mil utentes inscritos nos centros de saúde de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós, quase 22.500 (8,1%) estavam, no ano passado, diagnosticados com diabetes.
De acordo com dados facultados pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Pinhal Litoral, que engloba aqueles cinco concelhos, em 2017, havia 21.016 diabéticos nesta região, número que passou para 22.449 no ano transacto, o que representa um aumento de 6,8%.
Os dados cedidos ao JORNAL DE LEIRIA a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinalou na semana passada, revelam que, desde 2016, se tem registado uma curva ascendente no número de diagnósticos da doença, que é a principal causa de cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas. Em 2016, havia neste ACES 20.419 utentes diabéticos, número que passou para 21.927, em 2020, e 22.449, em 2021.
A nível nacional, e de acordo com o último relatório do Observatório Nacional da Diabetes, que reporta a 2018, os dados apontam para que 13% dos portugueses, entre os 20 e os 79 anos, sofram de diabetes, o que representa “mais de um milhão de pessoas neste grupo etário”. “O impacto do envelhecimento na estrutura etária portuguesa reflectiu-se num aumento de 1,9% da taxa de prevalência da diabetes entre 2009 e 2018”, lê-se no relatório.
Alterar hábitos para prevenir
Rita Chaves, coordenadora da Unidade Funcional para a Diabetes do ACES do Pinhal Litoral, destaca também o impacto do envelheci- mento no aumento da prevalência da doença. “Os idosos são os que nos causam mais preocupação, pelo facto de esta ser uma doença silenciosa. Com o aumento da esperança média de vida, é natural que o viver mais anos aumente o número de diagnósticos da doença”, salienta a médica, que aponta a prevenção como a grande arma para enfrentar esta patologia, que é “cada vez mais frequente”.
“Prevenir é a principal solução para combater esta doença” e, isso, implica “mudar hábitos”, sublinha Rita Chaves, constatando que a dificuldade em alterar rotinas “existe m todas as idades”, embora os motivos variem em função do grupo etário.
Se entre os idosos “há mais resistência à mudança”, são também estes que “mais rapidamente começam a perceber no seu corpo as consequências da doença e estão mais despertos para os riscos de situações graves”, como a perda de visão, possíveis amputações de pé, mau funcionamento dos rins e receio de enfarte e de acidente vascular cerebral.
Segundo a médica, a “consciencialização” para os riscos é fundamental para que se introduzam mudanças de estilo de vida que levem a uma inversão dos números da diabetes, que, a nível mundial, afecta um em cada dez adultos. “Só alterando hábitos, conseguimos evitar a doença”, reforça a coordenada da Unidade Funcional da Diabetes do ACES do Pinhal Litoral, que sublinha a importância de apostar na sensibilização dos jovens.
“Os mais novos são a nossa esperança na quebra de ciclos viciosos e prejudiciais para a saúde, na educação alimentar e na introdução de rotinas/hábitos de exercício físico”, afirma Sinais de alerta Há vários tipos de diabetes: a mais comum designa-se por diabetes tipo 2 (DM2) e está relacionada com “a idade avançada, excesso de peso, pouca actividade física” e falta de cuidados alimentares, salienta Rita Chaves.
Tipos de diabetes e sinais de alerta
A diabetes tipo 1 (DM1) surge habitualmente em pessoas mais jovens, cujo corpo “deixou de produzir insulina, necessitando de administrá-la para sobreviver”. Existe ainda a diabetes gestacional, que “surge em algumas grávidas” e que “costuma desaparecer após o parto”.
Há ainda outros tipos de diabetes, que aparecem “em consequência de algumas medi- cações e/ou doenças”. Em relação à diabetes tipo 2, “a mais frequente”, Rita Chaves explica que, “geralmente, a sua instalação ocorre ao longo dos anos”.
Entre os sintomas está o “sentir um aumento da sede (que levará a ingerir mais de 2/3 litros de água por dia), urinar mais vezes (inclusive acordar de noite), perda de peso, sensação de cansaço, visão turva, cãibras nas pernas, pele mais seca, infecções mais frequentes e maior dificuldade na cicatrização das suas feridas”