Há uma nova técnica de crime para burlar, sobretudo, os mais idosos, que está a ser usada um pouco por todo o País, havendo registo de situações em Leiria.
Dos relatos que o JORNAL DE LEIRIA teve conhecimento, o modus operandi é simples: os suspeitos seleccionam as vítimas, automobilistas idosos sozinhos, a quem acusam de ter batido na sua viatura e pedem dinheiro pelo arranjo.
Maria (nome fictício) foi burlada em cerca de 100 euros no parque de estacionamento do Mercado Municipal de Leiria. Depois de estacionar foi abordada por dois homens que lhe disseram que tinha batido no seu carro e que para não ter agravamento do seguro podiam resolver a situação amigavelmente.
Um dos homens calculou os danos em cerca de 100 euros e pediu esse dinheiro à mulher, uma idosa com 76 anos. A filha, que falou ao JORNAL DE LEIRIA, conta que a senhora ficou atrapalhada, ligou ao marido para saber o que fazer. “Eles pediram para falar com o meu pai, mas mentiram-lhe e disseram que ele tinha dito para pagar o valor.”
Acreditando na história, a vítima deu o dinheiro aos suspeitos que rapidamente desapareceram. Quando voltou a falar com o marido, este disse- lhe que afirmara aos burlões que não daria dinheiro nenhum, para preencherem a declaração amigável. Por vergonha, esta vítima não quis apresentar queixa e a filha prefere manter o anonimato.
Um caso idêntico repetiu-se nas Olhalvas, em Leiria. Antonieta (nome fictício), de 60 anos, relata que estava no trânsito e que uma carrinha lhe começou a buzinar e a fazer sinais de luzes. “Estava à procura de estacionamento e ia devagar, pensei que até me estavam a buzinar por isso. Foram atrás de mim e quando parei para perceber o que se passava, disseram-me que lhes tinha batido.”
A senhora afirma que a desviaram para um canto menos visível e até ficou com medo. “Disseram-me que lhes tinha batido no sensor e que precisavam de remediar a situação naquele momento. Se chamasse a PSP teria de pagar 180 euros à polícia e mais 380 do arranjo”, revela. Afirmando que a forma como falaram com ela até foi de “grande delicadeza”, a vítima diz que estava “completamente bloqueada” e “apavorada”.
Como não tinha dinheiro consigo ligou a um cunhado, que foi ao seu encontro. Como o sobrinho tem uma oficina contactaram-no e de imediato este disse para não pagarem nada. “Eles foram embora, mas receei que me esperassem mais à frente.” Foi o que sucedeu.
No entanto, Antonieta ia acompanhada do cunhado, que conseguiu despistar a carrinha, onde iam duas pessoas. O comandante distrital, José Figueira, informa que “o modus operandi em apreço é do conhecimento da PSP”. No entanto, até ao momento, não há registo de qualquer ocorrência.
Já o comandante de Unidade em suplência do Comando Territorial de Leiria da GNR informa o JORNAL DE LEIRIA que tem registo de uma denúncia, apresentada no passado mês de Julho, sobre uma vítima do sexo feminino. “De salientar que, embora só haja registo de uma denúncia efectuada no presente ano, a GNR tem conhecimento de tentativas de burlas com este modus operandi”, acrescenta.
Nesse sentido, o Comando Territorial de Leiria “continua a direccionar a sua acção diária de forma dissuasora, próxima e vigilante que permita reduzir a ocorrência de toda a tipologia criminal no distrito e adoptando todas as medidas diligentes para identificar os suspeitos de qualquer ilícito”, garante ainda esta força policial.
O Comando Metropolitano da PSP de Lisboa colocou, na semana passada, um alerta nas suas redes sociais, onde recomenda para que “nunca se entre em acordo com alguém que pede dinheiro” e “em caso de dúvida chame as autoridades”.
“Realça-se que as viaturas dos suspeitos apresentam realmente os referidos danos e, por vezes, para dar credibilidade à sua história, causam alguns danos nas viaturas das vítimas”, acrescenta a PSP, que apela para que as vítimas apontem a matrícula e modelo do veículo e denunciem a situação.