Sabor e aromas mais intensos, mais corpo. Estas são algumas das características apontadas por cervejeiros e apreciadores de cerveja artesanal para a distinguir da chamada cerveja industrial.
A primeira está a ganhar terreno entre os portugueses, cada vez mais abertos a novas experiências. O mercado reage com o surgimento de novos produtores. No distrito de Leiria são já produzidas várias marcas.
A mais recente é a Corema, lançada em Janeiro por Flávio Bernardo. Cervejeiro artesanal, o jovem da Marinha Grande frisa que este é um projecto ainda pequeno.
São duas as variedades Corema disponíveis no mercado (à venda em bares e restaurantes na região): uma Blonde Ale, “tipicamente americana, leve e frutada, com teor alcoólico de 5%”, e uma Imperial Stout, “escura, com notas de café e chocolate, e mais incorpada” do que a anterior.
Foi com esta cerveja que o jovem da cidade vidreira (que ainda tem necessidade de exercer outra actividade) ganhou dois prémios na categoria Ale do Concurso Nacional de Cervejas Caseiras e Artesanais.
No ano passado obteve o segundo lugar e em 2017 o terceiro. Prémios que o motivaram a avançar com a produção a uma escala que permitisse a comercialização. O objectivo é “transformar a paixão em negócio”. Potencial parece não faltar. O consumo de cerveja artesanal “é uma moda que veio para ficar”, entende o jovem, um dos membros do Clube de Cervejas da Marinha Grande e Leiria.
Quem nunca ouviu falar de cerveja artesanal precisará de algumas explicações. Há cervejas dos mais diversos teores alcoólicos (não necessariamente com mais grau que as industriais) e para todos os paladares: mais doces, mais amargas, mais ou menos frutadas, mais loiras ou mais escuras.
Tendo em conta a enorme variedade de maltes, lúpulos e leveduras usadas, o número de combinações é imenso. A primeira grande distinção faz-se entre cervejas Ale (fermentação a alta temperatura) e Lager (fermentação a baixa temperatura). Dentro de cada grupo há depois uma “multidão de estilos”. A pilsner (cujo nome deriva de Plzen, na República Checa) é um dos melhores exemplos de uma cerveja de fermentação a baixa temperatura.
As Lager são tradicionalmente loiras, mas pode-as haver morenas. Produzidas com produtos de elevada qualidade, as artesanais “não sofrem qualquer processo de pasteurização nem filtrações químicas, nem levam qualquer aditivo químico para conservar”, explicou um produtor ao JORNAL DE LEIRIA. O resultado são sabores e aromas “muito mais apurados”, cores “mais vivas” e mais corpo.
A Xó Carago, produzida na Maceira, Leiria, está no mercado há cerca de um ano, sendo vendida em vários supermercados. “A aceitação tem sido óptima”, refere Nelson Carlos, um dos sócios da empresa que a produz.
“Há cada vez mais procura de cerveja artesanal, nota-se uma maior apetência dos consumidores, que depois de provarem dificilmente querem a outra”.
A Xó Carago apresenta-se em três variedades: Loira (pilsener), Morena (stout) e Ruiva (trigo), em garrafas de 33 e de 75 centilitros. Foi entretanto criada também uma India Pale Ale, que será vendida à pressão, e que está agora a entrar no mercado.
Em Pombal é produzida a Family Farm Flavours. Esta cerveja artesanal está à venda no Intermarché de Pombal, podendo encontrar-se também em feiras pelo país fora. Aliás, foi nestes eventos que António Sacramento e a esposa, que marcavam presença com os seus licores, perceberam que havia mercado para a cerveja artesanal.
Por isso, há três anos que a produzem e vendem. “Fazemos à moda antiga, em panelas”, conta, acrescentando que o produto está certificado como cerveja artesanal o que, garante, não acontece com muitas das cervejas artesanais que se encontram à venda.
São produzidas em Pombal dez variedades diferentes da Family Farm Flavours. Mas as que mais vendem são a Ipa, uma cerveja de cevada, loura e bastante incorpada, com 6% de teor alcoólico; a Stout (preta) e a Pale Ale (morena). Disponíveis em garrafas de 33, 50 ou 75 centilitros, e também em barril (pressão). As vendas variam entre os 500 e os 600 litros por mês.
Produzida há três anos na praia com o mesmo nome, a Pedrógão é uma cerveja Belgian Amber Ale, disponível em três sub-marcas: Sunset (5,8% de teor alcoólico), Night Shade (6,3%) e Roots (6,7%).
“Esta foi a primeira que criei, ainda vivia no Luxemburgo, mas a última a entrar no mercado. É uma cerveja mais doce, mais rica em aromas e com maior teor alcoólico do que as outras”, explica o produtor. Hugo Fernandes diz que no Verão aumenta muito a procura, pelo que nesse período a produção atinge os dois mil litros por mês.
O produtor, que mantém outra actividade profissional, reconhece que a cerveja artesanal é uma paixão, que nasceu quando vivia no Luxemburgo e foi desafiado por amigos belgas para ajudar a criar cervejas. Voltou para Portugal para avançar com o projecto da Pedrogão, “na esperança de que houvesse mercado”.
Diz que se nota um aumento do consumo, mas frisa que a produção e venda da cerveja ainda não é um bom negócio. “Vai levar algum tempo”. Mas acredita que será possível, por isso o objectivo é investir no aumento da produção, “sem comprometer a qualidade”.
“Resultado do espírito irrequieto” de quatro amigos, a Bordallo é fabricada em Caldas da Rainha. A quantidade produzida varia consoante as épocas, mas no ano passado foram feitos 12 lotes de 500 litros cada.
Os nomes dos vários tipos de cerveja fabricada estão sempre relacionados com a obra de Bordallo Pinheiro. Paciência (India Pale Ale), Ultimatum (American Pale Ale), Visconde (Blonde Ale) e Pae (Stout) são as que produz regularmente. Depos, consoante as ocasiões, são lançadas novidades.
Foi o que aconteceu há dias na Feira Frutos, na cidade termal, onde a marca estreou uma cerveja com piripiri e hortelã. Pedro Azevedo, um dos sócios da empresa que a produz, diz que se nota um aumento na procura e nas vendas de cerveja artesanal nos últimos anos. No caso da Bordallo, está à venda em restaurantes e mercearias, sobretudo nas Caldas, e ainda na bottle shop da marca.
A Rolls Beer é produzida em Pombal e está à venda desde 2012. Estão disponíveis três variedades: Special (Belgian Strong Golden Ale), uma cerveja de cor dourada e aromas característicos das cervejas belgas; Nectar (Scandinavian Pilsener), uma cerveja de tipo escandinavo, de cor de palha clara; e Premium (Weissbier), produzida com maltes pilsener, trigo e black e predominância de lúpulos frutados e especiarias que lhes conferem “um sabor amargo suave e delicado”
Com fábrica no Barracão, Leiria, a Xarlie está no mercado há cerca de dois anos. Trata-se de uma pilsener, de cor dourada clara, uma cerveja de tripla filtração e 15 dias de maturação. “Em termos de escala, pode ser considerada artesanal, embora não uma pura artesanal”, admite o responsável por esta marca.
O seu sabor “não é o típico das cervejas artesanais”, mas antes “mais leve”. Por outro lado, “é fabricada por processos industrializados”. A capacidade de produção instalada na fábrica do Barracão é de 300 mil litros por ano.
[LER_MAIS] “Nota-se que cada vez mais portugueses optam por beber cervejas artesanais e especiais, quer portuguesas quer estrangeiras. O consumo tem vindo a crescer. Prova disso é que as grandes empresas cervejeiras têm, desde há algum tempo, também elas, introduzido cervejas artesanais no mercado. A Xarlie tem vindo a aumentar as suas vendas”, aponta Rui Ramusga, key account manager da marca.
Considerar uma cerveja artesanal “não pode ter só a ver com a quantidade produzida”, considera Liliana Ponces, responsável pelo Mulligan's, bar de Leiria onde a cerveja artesanal é rainha. Nestes seis anos de existência, nota-se um “aumento do consumo”, resultado do aumento da exigência dos clientes, que “além do produto querem a experiência”.
O Mulligan's chegou a produzir a sua própria cerveja artesanal, mas alguns problemas de estabilidade no produto levaram a várias mudanças no local de fabrico e a uma interrupção na venda do produto. Actualmente está em produção um lote, que deverá estar disponível no bar de Leiria em Outubro.
Bordallo A marca existe desde 2014 e produz em Caldas da Rainha. Os nomes dos vários tipos de cerveja fabricada estão sempre relacionados com a obra de Bordallo Pinheiro. Paciência (India Pale Ale), Ultimatum (American Pale Ale), Visconde (Blonde Ale) e Pae (Stout) são as que produz regularmente. Depos, consoante as ocasiões, são lançadas novidades.
Corema O nome remete para as camarinhas (cujo nome científico é Corema Album), abundantes no Pinhal de Leiria, que se estende pelo concelho da Marinha Grande, de onde é natural o mentor da marca. A cerveja está no mercado desde Janeiro deste ano, vendida em garrafas e à pressão. Estão disponíveis duas variedades: Blonde Ale e Imperial Stout.
Family Farm Flavours São produzidas dez variedades diferentes desta marca de Pombal. Mas as que mais vendem são a IPA, uma cerveja de cevada, loura e bastante incorpada, com 6% de teor alcoólico; a Stout (preta) e a Pale Ale (morena). Disponíveis em garrafas de 33, 50 ou 75 centilitros, e também em barril (pressão).
Pedrógão Produzida há três anos na Praia do Pedrógão. Trata-se de uma Belgian Amber Ale, disponível em três sub-marcas: Sunset (5,8% de teor alcoólico), Night Shade (6,3%) e Roots (6,7%). Vendida em garrafas de 33 centilitros. Nos meses de maior procura são produzidos dois mil litros mensais.
Rolls Beer Produzida em Pombal, está à venda desde 2012. Disponíveis três variedades: Special (Belgian Strong Golden Ale), Néctar (Scandinavian Pilsener) e Premium (Weissbier).
Xarlie “Em termos de escala, pode ser considerada artesanal, embora não uma pura artesanal”, admite o responsável por esta marca de Leiria, lançada no mercado há cerca de dois anos. A Xarlie é uma pilsener, e está disponível em duas variedades: Original (5% álcool), e Especial (seis graus de teor alcoólico).
Xó Carago Fabricada na Maceira, Leiria, está no mercado há quase um ano. Disponível em três variedades: Loira (pilsener), Morena (stout) e Ruiva (trigo), em garrafas de 33 e de 75 centilitros. Foi entretanto criada também uma India Pale Ale, que será vendida à pressão, e que está agora a entrar no mercado.