Here é um daqueles filmes que polariza opiniões e, ainda assim, consegue deixar uma marca. Apesar das críticas divididas, foi uma experiência que me cativou tanto emocionalmente como em termos de entretenimento.
O que mais me fascinou foi a sua abordagem audaciosa, onde a maior parte do tempo é passada com um único plano fixo e/ou uma visão específica de uma divisão de uma casa. Esta simplicidade visual, longe de ser monótona, revela-se uma escolha poderosa e envolvente.
É sempre interessante ver um realizador do calibre de Robert Zemeckis sair da sua zona de conforto e explorar novas narrativas. Em Here, ele inspira-se no trabalho de Richard McGuire, um artista que é uma referência evidente para o filme.
No que diz respeito à narrativa, é verdade que Here não é uma obra-prima. O conceito da passagem do tempo, que é o fio condutor do filme, já foi explorado anteriormente em diversas formas. Contudo, a abordagem intimista e focada num só plano é executada de forma suficientemente inteligente para me cativar e aproximar das personagens de maneira inesperada. O filme convida o espectador a mergulhar nas pequenas nuances das vidas que ali se desenrolam, encontrando profundidade na simplicidade.
No final, Here teve a capacidade de me emocionar profundamente, ao ponto de me arrancar lágrimas — algo que muitos filmes aclamados, com narrativas mais densas ou complexas, falham em fazer. É uma experiência que vale a pena, independentemente das críticas que possam desencorajar.
Este é o tipo de filme que merece ser visto sem preconceitos, deixando espaço para cada espectador tirar as suas próprias conclusões. Em suma, Here é um exercício cinematográfico raro que prova que, às vezes, menos pode ser muito mais.