O hidrogénio passou a estar na ordem do dia como alternativa aos combustíveis fósseis, principalmente porque não liberta CO2. Durante a sua queima, o hidrogénio só liberta água e produz três vezes mais energia do que a gasolina. Também pode ser armazenado, liquefeito e transportado através de gasodutos, camiões e navios, sendo bastante versátil.
Mas o hidrogénio tem um senão: os processos utilizados para produzir hidrogénio podem libertar grandes quantidades de CO2. O hidrogénio cinzento, o mais abundante do mercado, é feito a partir de gás natural, libertando 10 toneladas de CO2 por tonelada de hidrogénio durante a sua produção.
O hidrogénio azul também é produzido a partir de gás natural, mas possui uma tecnologia que permite captar e armazenar o CO2 libertado, libertando apenas 1 tonelada de CO2 por tonelada de hidrogénio.
Já o hidrogénio verde é produzido a partir da electrólise da água utilizando electricidade de fontes renováveis. Este é o tipo de hidrogénio com menor pegada de carbono, pois não é produzido a partir do gás natural e a sua electricidade deve ser neutra em carbono.
Apesar de ser o melhor, o hidrogénio verde é o mais caro de produzir, podendo custar 5 e 8 €/kg. Segundo a consultora BCG, as indústrias capazes de comprar hidrogénio verde a estes preços são os fabricantes de amoníaco, de metanol, as siderurgias de aço, as refinarias e os sectores da aviação e dos transportes marítimos.
Mas estas indústrias não estão dispostas a fazer contratos de fornecimento de longo prazo, pois esperam que os custos de produção desçam ao longo do tempo, à medida que surgem novos projectos. Sem um fornecimento seguro a longo prazo, os primeiros promotores enfrentam maiores riscos, o que mina as perspectivas de investimento, atrasando o desenvolvimento de um mercado de hidrogénio.
É neste sentido que a União Europeia tem vindo a anunciar diversos apoios a projectos de hidrogénio verde. Para os Países Baixos foram aprovados 998 milhões de euros e para Espanha cerca de 1,2 mil milhões de euros. Em Portugal também está em aberto o concurso para a produção de hidrogénio e gás renovável, no valor de 70 milhões de euros, pelo Fundo Ambiental.
As refinarias e a indústria química, como também os sectores automóvel, vidro, cerâmica e papel, importantes no contexto nacional, poderão beneficiar destes apoios para reduzir o custo de produção do hidrogénio.
O investimento no hidrogénio deverá permitir a sua neutralidade carbónica e preços competitivos, para que a indústria produtiva seja realmente sustentável (ambiental e economicamente).