Disponibilizar tratamentos gratuitos de cáries a alunos desfavorecidos é o objectivo do projecto Leiria a Sorrir, promovido pelo município em parceria com sete clínicas dentárias. Para já, o programa destina-se apenas ao Agrupamento de Escolas de Marrazes, mas a câmara admite alargar o projecto-piloto a outros estabelecimentos de ensino.
Segundo Ana Valentim, vereadora do Desenvolvimento Social, nesta fase, poderão ser abrangidos cerca de 400 alunos dos Marrazes, que beneficiam dos escalões A e B da acção social escolar. “O foco é dar resposta a famílias em situação de vulnerabilidade social e económica”, funcionando como “complemento” ao cheque-dentista, explica a autarca.
De acordo com o protocolo assinado na segunda-feira, entre a autarquia e as clínicas, foi estipulado um montante de 50 euros por consulta e tratamento, a financiar pelo Fundo Municipal de Emergência, “associando as áreas social e da saúde”.
O projecto pretende também apostar na sensibilização, de forma a que crianças, jovens e familiares aprendam a prevenir o aparecimento de cáries, com o apoio dos médicos dentistas. “Esperamos que esta rede seja alargada”, desejou a vereadora, que assegurou que o projecto será “monitorizado e avaliado”, a pensar no seu alargamento a outras escolas.
Director do Agrupamento de Escola de Marrazes, Jorge Brites sublinhou a importância do programa para este território educativo. “Temos muitas crianças, cujas famílias estão em situação de vulnerabilidade social. Vai ser mais uma oportunidade para cuidar da saúde oral e promover a literacia em saúde”, afirmou o professor, explicando que caberá à escola sinalizar as situações.
A escolha das clínicas será feita pelas famílias, acrescentou Ana Valentim, adiantando que se pretende seguir o modelo do programa municipal de comparticipação de medicamentos.
Presente na assinatura do protocolo, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas destacou o papel que os municípios devem assumir na área da saúde, considerando que, neste caso, será “um investimento com retorno”, não só na melhoria da saúde oral das crianças e jovens, mas também no seu rendimento escolar.
“É uma emergência tratar da saúde oral dos portugueses. Em 2023, três em cada dez pessoas não tiveram acesso a qualquer consulta dentária por questões económicas, mas também por não o acharem importante ou necessário”, alertou o bastonário, que realçou a necessidade de reforçar a literacia em saúde, como forma de promover “mudança de comportamentos”.