Enquanto outros sectores foram retomando a sua actividade, ainda que com as devidas restrições, resultantes da pandemia, quem gere bares e discotecas está há meses de porta fechada e não tem sequer uma data prevista de reabertura.
Entre os empresários ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA, o sentimento é um misto de tristeza e de revolta e há quem advogue que, pós Covid-19, metade destes estabelecimentos já não tenha condições para voltar a funcionar.
“Num cenário optimista”, Luís Vasco Pedroso, presidente da Associação Comercial e Industrial da Marinha Grande, estima que “50% destas empresas não volte abrir”.
E fala do contexto difícil de dois dos seus espaços. No caso do +Operário, na Marinha Grande, só o serviço de cafetaria abriu recentemente. Os serviços de bar e de discoteca estão parados, pelo que a facturação está a 10%.
A situação é idêntica no Café da Praia. Depois de ter feito obras naquele espaço, em São Pedro de Moel, para que o mesmo pudesse ser usado também como bar-discoteca durante a noite, eis que a única utilização é actualmente a de café.
Aos poucos, os seus 10 colaboradores estão a sair do lay-off e a regressar ao activo, mas a situação não é fácil, sublinha Luís Vasco. E a sua indignação é grande. “Se estão a voltar a usar os aviões, viajam todos juntos, porque não se vão reabrindo estes espaço? São outros lobbies financeiros”, atira o empresário.
Também Jorge Duarte e Lara Prince estão revoltados. A Kiay, de Pombal, é uma discoteca com 37 anos, que a cada sábado subcontrata ser viços a 40 ou 50 pessoas, entre pessoal do bar, músicos, bailarinos, seguranças, entre outros colaboradores. “Está encerrada e nós somos lixo neste momento”, lamenta a proprietária.
Lara Prince sublinha que desde logo tomaram as medidas necessárias, fecharam a porta e ajudaram o Estado a controlar a pandemia. Mas neste momento, defende, cabe ao Estado dar uma palavra e ajudar quem tem o negócio parado.
Se a discoteca ainda puder reabrir em Julho, sem a presença do habitual público emigrante, a única esperança recai nas pessoas desta região, que não contam este ano com os arraiais de Verão, quer acreditar Jorge Duarte.
Na quarta-feira, já depois do fecho desta edição, os proprietários da Kiay estiveram em Aveiro, num grupo de empresários que se juntou para estudar medidas a tomar no sector.
Uns mudam de estratégia outros ponderam fechar de vez
Na cidade de Leiria, há quem esteja a viver a situação de formas distintas. Quem pode, tenta explorar alternativas que compensem os prejuízos do encerramento do bar. Quem não tem alternativa, aguarda orientações do Estado mas teme que a luz verde chegue tarde de mais. Vasco Ferreira, do Chico Lobo, já retomou a actividade da cafetaria. E para utilizar o espaço interior, vai colocar um ideia em curso. Pretende disponibilizar cada uma das quatro salas a quatro grupos até dez pessoas, para que ali possam jantar, fazer degustação vínica, ao mesmo tempo que podem ouvir música.
Menos margem de manobra tem Mário Brilhante, do bar-discoteca Anúbis. Depois de 25 anos à frente deste espaço de diversão nocturna, o empresário tem agora a sua equipa em lay-off, está preocupado porque não sabe se poderão manter-se em lay-off a partir de Junho, e tem muitas dúvidas de que, mesmo reabrindo, com o movimento a meio gás, o Anúbis seja rentável. São muitos os gastos fixos e muita a incerteza, salienta o empresário. A decisão não está consumada, mas Mário Brilhante não descarta a ideia de não voltar a abrir.