Em Leiria é cada vez mais fácil encontrar alternativas à cozinha tradicional portuguesa. O nosso jornal foi ao encontro de vários restaurantes, que confeccionam gastronomia típica de um ou de vários países. No total, há sabores de uma vintena de nacionalidades, que podem ser apreciados sem sair da cidade.
Os proprietários dos restaurantes referem que os clientes são hoje mais viajados e curiosos por experimentar diferentes paladares. Ao mesmo tempo, surgem várias comunidades de imigrantes que trazem o seu saber, bem como os seus ingredientes. O resultado é uma enorme paleta de sabores.
Se a hora de jantar se aproxima e as papilas gustativas pedem sabores europeus, há restaurantes capazes de proporcionar refeições ao estilo italiano, com carbonara, spaghetti, variadas pizas ou lasanhas. Mas, continuando na Europa, os sabores de Espanha, França e Grécia também poderão ser alternativa.
Já se a vontade é de viajar para outro continente, saborear um bom naco de carne picada, abraçada por dois pedaços de pão, onde se impõem sabores de queijo cheddar, cebola caramelizada e tiras de bacon, também facilmente se encontram em Leiria hamburguerias que servem os Estados Unidos num prato.
Descendo, ainda no mesmo continente,[LER_MAIS] também a comida mexicana tem casa em Leiria, onde os famosos tacos se degustam entre tequilas. Rumo à América do Sul, feijoada ou cumpim assado remetem para os sabores do Brasil. Se preferir adocicar a refeição com pratos que juntam arroz, salmão e fruta fresca, ao mesmo tempo que sonha com praias de areia dourada e floresta tropical, basta ao cliente fazer o seu pedido num restaurante de comida típica do Havai.
Os sabores da Ásia estão também muito bem representados em Leiria, com bastantes alternativas, que passam por pratos da Indonésia, Tailândia, China, Japão, Coreia, Índia, Nepal ou Uzbequistão.
Sabores do Médio Oriente, seja da Turquia ou do Líbano, estão também presentes nesta cidade, onde facilmente o cliente se deleita com kebab, faláfel e húmus.
Os sabores de África e da Ásia também têm presença no restaurante Casa da Lídia. Lídia e Maria Vilalobos são irmãs e sócias neste espaço, que inauguraram em 2019. “A minha mãe descende de um asiático e de uma africana e o meu pai de uma indiana e de um português”, contextualiza Lídia. Portanto, quando vieram de Moçambique para Portugal, em 1982, a família manteve o hábito de confeccionar as refeições com esta fusão.
Neste espaço, situado nos Terraços do Marachão, é mais fácil encontrar pratos de inspiração asiática do que africana. Lídia tem justificação. “Para os pratos asiáticos, consigo encontrar o mesmo molho de soja que o meu avô usava há 40 anos. Mas os países africanos ainda não têm tanta experiência na exportação dos seus produtos.” Embora seja mais complicado, não é impossível, como revela o menu desta casa, onde tanto se pode degustar um caril asiático, como outro, de amendoim, confeccionado com vegetais e peixe, que remetem para paladares de Moçambique.
Alternativas vegetarianas e vegan também não faltam, conta a cozinheira. E até na pastelaria, a Casa da Lídia remete para as mais profundas raízes de África, com um doce que conjuga farinha de mandioca e côco.
“Quem nos procura são geralmente pessoas com poder de compra, que já viajaram e conhecem a cozinha internacional”, refere Lídia. Surgem também muitos indianos, que chegam para “sentir o sabor de casa, a sua comida de conforto”, também portugueses, mas menos africanos. Esta comunidade prefere confeccionar a sua moamba e a sua cachupa em casa, explica Lídia.
“Já tínhamos pensado neste projecto há 25 anos. Mas não iria ter resultado como agora, que os clientes são mais exigentes e viajados, acredita a empresária. Inaugurado no mesmo ano, na Rua Barão de Viamonte, também o restaurante Atlas abriu portas sempre orientado para gastronomia e eventos relacionados com viagens. Hugo Domingues, responsável pelo espaço, explica que o Altas tem o seu menu habitual, onde constam pratos que remetem para várias nacionalidades, sendo que, mensalmente, realiza ainda três eventos relacionados com gastronomia.
Este mês, por exemplo, é tempo de degustar um brunch ao estilo americano, que inclui panquecas, sandes de manteiga de amendoim com geleia ou mini-hambúrgueres.
Outro evento é o jantar temático, com comida alusiva a diferentes países. “Depois de Setembro, com pratos da Costa Rica, Outubro apresentará opções do Madagáscar”, conta Hugo Domingues. Ainda durante este mês de Setembro, acrescenta o empresário, o Atlas lançou o Street Food Day. “Vamos à procura da comida que mais gostamos e apresentamos pratos pedidos à carta. A carta habitualmente tem prato mexicano, tailandês, italiano, havaiano, grego, de países do Médio Oriente. E apresentamos vários petiscos do Líbano, Mediterrâneo, Sul da Europa, bem como menu de grupo, com petiscos do Médio Oriente.
Hugo Domingues entendia que criar um restaurante de comida do mundo, ter essa diversidade em Leiria seria uma boa oportunidade de negócio. E o tempo tem vindo a comprová-lo, com pratos que agradam a clientes de todas as idades, “entre os 25 e os 60 anos”, sobretudo do sexo feminino, “pessoas que viajam bastante e que querem desfrutar de experiências diferentes”.
Para chegar a este resultado é preciso um grande trabalho de equipa, de bastidores, que passa pela investigação, pela experimentação, até à apresentação ao cliente. “Ao longo destes a compreendemos melhor os ingredientes e onde estão os grandes fornecedores. Quando há mais dificuldade em encontrar, haverá sempre em Martim Moniz, em Lisboa, onde existe grande diversidade de culturas”, refere o empresário.
Por outro lado, com a presença crescente de mais culturas em Leiria, também têm vindo a abrir mais lojas onde se pode ter acesso aos diferentes ingredientes e temperos, nota Hugo Domingues.
Christophe Gomes e a namorada, Vanessa Faustino, inauguraram, em 2018, o Bali Food & Drinks. Este espaço, situado na Rua Machado dos Santos, começou por se focar no conceito de brunch com oferta de comida saudável.
Foi o sugestivo nome de Bali (Ilha da Indonésia), que suscitou no público a procura por mais comida de inspiração asiática, conta Christophe. O que o público não sabia é que Bali era o nome da cadela do casal, confidencia o empresário. Face à solicitação, manteve-se o foco no brunch, mas foi-se abrindo o leque de pratos de inspiração indonésia, tailandesa, aos quais se juntaram outros sabores do mundo, com os tacos mexicanos, a tapioca do Brasil ou o caril da Índia, exemplifica Christophe.
As receitas agradam a público de várias idades, geralmente acima dos 30 anos. Alguns chegam pela primeira vez movidos pela curiosidade, outros são já clientes fidelizados “pela qualidade, frescura dos produtos e bom atendimento”, salienta, satisfeito, o proprietário.