Imagine que está a conduzir e, à sua frente, acontece um acidente que envolve um carro eléctrico.
Ou imagine que faz parte de uma equipa de socorro rápido e é chamado para uma situação como esta.
Como actuar num caso destes?
Nas redes sociais circulam muitos boatos sobre eventuais electrocussões e incêndios envolvendo veículos eléctricos, será possível acreditar no “diz que disse”?
“A maioria das situações relatadas são mitos. Fala-se desta questão por causa das baterias de lítio”, diz Fábio Domingos.
Administrador da Parceirauto, empresa de Leiria, que é, desde há três anos, uma das apenas três oficinas Tesla, aprovadas a nível nacional, para reparações de carroçaria, foi um dos impulsionadores de uma formação específica para corporações de bombeiros, sobre como agir em caso de colisão e eventual incêndio, com viaturas eléctricas.
A primeira sessão decorreu em Brasfemes, no concelho de Coimbra, e a segunda aconteceu em Porto de Mós, mas a ideia é realizá-las noutros corpos de bombeiros.
“Superou muito as nossas expectativas porque tivemos as corporações da Batalha, Maceira e Pombal a convite de Porto de Mós”, refere o responsável, sublinhando que se tratou de uma questão de responsabilidade social, uma vez que a transmissão dos conhecimentos da Parceirauto pode salvar vidas.
“No fundo, criámos uma sinergia para que, no dia em que for preciso, cada segundo faça a diferença.”
As corporações presentes referiram a necessidade de um processo definido sobre combater o fogo num eléctrico, por envolver alta tensão e água.
“Há muito receio. Quem socorre não sabe onde mexer ou cortar… Estas situações são alvo de mitos recorrentes e nós desmistificámos e tirámos o medo”, diz Fábio Domingos.
O primeiro passo é perceber que se trata de uma viatura eléctrica e verificar se há algum componente eléctrico afectado.
“Se isso acontecer, o carro tem sistemas que o protegem. As baterias podem entrar em sobreaquecimento, mas não é repentino e acontece lentamente. Os eléctricos estão preparados para proteger os ocupantes e quem trabalha neles.”
Entre as medidas explicadas aos bombeiros, foi referido o uso de água, em caso de sobreaquecimento.
“Está descrito no manual técnico. Explicámos onde se corta e onde não se corta e as maneiras de abrir o capô e as portas, identificando os activadores manuais que não estão à vista.”