A música e a engenharia têm andado de mãos dadas na vida de Pedro Marques, jovem de Leiria que trabalha no CERN (European Organization for Nuclear Research), considerado o maior laboratório de física de partículas do mundo, e que integra a orquestra da ONU, em Genebra, Suíça, onde é violonista.
A oportunidade de Pedro Marques integrar o CERN surgiu quando estava a terminar o seu primeiro contrato de trabalho, na Accenture Portugal, onde fez consultoria na área da engenharia de software. E surgiu por “mero acaso”, quando, ao fazer a actualização do seu perfil no linkedin, precisou de aceder à conta de email que tinha associada ao Instituto Superior Técnico (IST), onde se formou em Engenharia Electrotécnica e de Computadores.
Entre dezenas de emails havia um do CERN a dar conta de um protocolo de colaboração entre a organização e o IST, que permite a alguns alunos integrar projectos do laboratório. Candidatou-se e foi aceite, tendo começado a trabalhar em Fevereiro de 2017.
No CERN, Pedro Marques, de 27 anos, é responsável por várias aplicações, como a EDMS (Electronic and Engineering Data Management System), “a plataforma que gere toda a documentação técnica e de engenharia no CERN”.
O jovem trabalha ainda com a plataforma CDD – CERN Drawing Directory, que faz a gestão de “todo o ciclo de vida dos desenhos mecânicos, de todas as partes que constituem toda a maquinaria” do laboratório, [LER_MAIS] como “túneis, detectores, ímanes e sensores, desde a fase de design à fase de produção”.
A paixão pela música
Em paralelo com o trabalho no CERN, Pedro Marques tem dado asas a outra das suas paixões, a música, à qual está ligado desde os seis anos, quando começou a tocar violino no Orfeão de Leiria. Também integrou o coro juvenil da igreja da Barosa e, entre 2012 e 2016, fez parte da banda The Gentlement, que tocava em bares e restaurantes de Leiria.
A sua formação musical na área clássica foi toda ela feita no Orfeão, onde Pedro Marques esteve “até concluir o 8.º grau”. Depois disso, incentivado pelos pais, ainda chegou a equacionar seguir estudos superiores nesta área. “Quando terminei o 12.º ano, sugeriram-me que fosse para o conservatório, para que eu percebesse o que queria mesmo, mas decidi-me pelo que me parecia mais seguro [a engenharia]”, conta.
O seu plano, revela, era “fazer da música um part-time” e da engenharia “um full-time”. E assim tem sido. Quando chegou a Genebra, inscreveu- -se, de imediato, no clube de música do CERN, onde já integrou três bandas – Let it Beam, Iberian Pigs e The Tibetan Fox -, todas elas com actuações no CERN Hardronic Festival, um evento anual que dá palco às muitas formações musicais constituídas por membros da organização. A primeira acabaria, entretanto, por se desmantelar, “devido ao término do contrato de alguns membros”.
A par da participação nestas bandas, Pedro Marques integra a Orchetre des Nations Unifes, formada por trabalhadores das várias organizações internacionais instaladas em Genebra, como a ONU, o CERN ou a Unicef.
“De todos os concertos que fizemos, destaco o concerto de solidariedade para a ONUSIDA [Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o VIH/SIDA] e o concerto de solidariedade para a Medair, com todo o lucro a reverter para estas instituições humanitárias”, confessa o jovem, que realça ainda o espectáculo mais recente, realizado no dia 22 de Junho. Foi, conta, um concerto que teve lugar no contexto da Fête de la Musique, realizado ao ar livre e gratuito para a população de Genebra.
Com contrato com o CERN até Janeiro do próximo ano, Pedro Marques não pensa, para já, regressar a Portugal. “As perspectivas futuras ainda não estão bem definidas, mas certamente permanecerei no estrangeiro, no CERN, se possível. Se não, talvez fique pela Suíça ou Alemanha. Guardo sempre Portugal no cantinho do coração (…), mas voltar definitivamente é e será sempre uma hipótese num futuro a longo prazo.”