O plano de negócios da Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria revela sustentabilidade financeira do novo organismo, assim como capacidade de oferecer cuidados de saúde mais adequados à população, segundo o documento enviado à agência Lusa.
A ULS da Região de Leiria prevê a integração dos hospitais de Alcobaça, Leiria e Pombal e dos cuidados de saúde primários dos concelhos de Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Ourém, Pombal e Porto de Mós, abrangendo 371.940 pessoas e “mais de 3.000 profissionais”.
Numa nota de imprensa emitida no domingo, a direção executiva do SNS fez saber que o plano de negócios da ULS da Região de Leiria encontra-se a ser avaliado com o Ministério das Finanças.
À agência Lusa, Licínio de Carvalho, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Leiria, que lidera o grupo de trabalho responsável pela elaboração do plano de negócios, salienta que “o foco neste processo e que, de alguma forma, o plano negócios evidenciou, é a integração clínica, mais do que a integração financeira”.
“É, de facto, deixarmos de falar em níveis de cuidados e passarmos a falar em percursos clínicos consensualizados e participados por diferentes entidades prestadoras de saúde e por diferentes profissionais prestadores de cuidados de saúde”, referiu.
Ganhos de escala e de eficiência na integração
Segundo Licínio de Carvalho, “o trabalho demonstrou que haveria também ganhos de escala e de eficiência na integração”, até porque “há a simplificação de processos, e haverá, eventualmente, eliminação de repetições de exames e de percursos e de deslocações e de intervenções”.
“O resultado que o documento evidenciou é que o processo tem sustentabilidade financeira e este é um foco também que nunca deve ser posto de parte em processos de transformação e de organização diferente dos cuidados de saúde”, disse.
No sumário executivo do plano de negócios, lê-se que esta ULS, entre outros objetivos, “procurará prestar cuidados diferenciados de elevada qualidade, norteada pelos princípios de equidade e acessibilidade, através de uma eficiente articulação entre os cuidados primários e os cuidados hospitalares”.
O documento define cinco eixos de atuação: promoção de um modelo integrado de prestação de cuidados, criação de um modelo de intervenção centrado no utente, otimização de ganhos em saúde e da gestão de qualidade e de ganhos em eficiência, e a elaboração de projetos de qualificação, de inovação e cooperação com instituições de ensino e unidades de investigação.
Previstos 33 projectos clínicos a desenvolver
Estes cinco eixos incluem 33 projectos clínicos a desenvolver no futuro pelos serviços que vão integrar a ULS: hospitais e centros de saúde.
O plano, que comparou resultados operacionais, líquidos e EBIDTA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) dos dois cenários (a situação atual e a criação da ULS), concluiu que, “além das melhorias assistenciais previstas e as vantagens objetivas para o cidadão e utente, sobretudo qualitativas, existe um mérito económico”.
Licínio de Carvalho realçou que “há vários investimentos e várias linhas de investimento que podem, naturalmente, ser também maximizados em função desta integração, porque há projectos que passam a ser comuns e que passam a beneficiar” os cuidados hospitalares e primários que, neste momento, existem de forma desagregada.
Quanto à forma como deverá ser gerida a criação da ULS, o documento assinalou que “a quantidade de projetos previstos, assim como as mudanças preconizadas para atingir a eficiência pretendida terão de ser alvo de uma gestão de programa estruturada e efetiva e que consiga estender de facto os seus benefícios a uma organização maior e mais integrada, assim como uma gestão de mudança focada nas pessoas”.
No âmbito deste plano de negócios, a CIMRL e municípios remeteram contributos à direção executiva do SNS sobre algumas lacunas do documento, disse o 1.º secretário executivo da Comunidade Intermunicipal, Paulo Batista Santos.