A falta de médicos em Porto de Mós está a tomar proporções “muito preocupantes”.
Quem o diz é o presidente da câmara, Jorge Vala, que admite que a população pode voltar à rua, de novo, para manifestar o seu descontentamento.
Dos 11 clínicos que devia ter, a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Porto de Mós, que abrange a sede de concelho e mais cinco freguesias, dispõe apenas de seis.
A situação irá agravar-se “ainda mais” com a aposentação de um desses médicos, que deverá acontecer até ao final do mês.
O assunto foi debatido esta segunda, em reunião do Conselho Municipal de Saúde de Porto de Mós, na qual estiveram presentes a coordenadora do Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) do Pinhal Litoral e um representante da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC).
[LER_MAIS]Do encontro saiu, segundo o presidente da câmara, o “compromisso da ARSC de dar parecer favorável à classificação de Porto de Mós como zona carenciada”, o que abriria portas à atribuição de vagas carenciadas que garantem “a permanência dos médicos por três anos mediante o acréscimo de 25% no vencimento”.
“Pode ser uma solução, mas não resolve o problema maior, que é o de dar resposta ao imediato”, alega ao autarca, lamentando que, das quatro vagas pedidas para o concelho pelo ACES no último concurso, apenas tenha sido concedida uma.
“Uma coisa é dizer que não há profissionais. Coisa diferente é dizer que não há, mas nem sequer atribuírem as vagas”, critica Jorge Vala, que considera que a situação está “muito complicada”.
Neste momento, a sede de concelho tem apenas dois dos cinco clínicos que devia ter e um deles irá reformar-se. Os restantes quatros médicos da UCSP estão colocados em Mira de Aire e Serro Ventoso, servindo também São Bento.
Alqueidão da Serra e a União de Freguesias de Arrimal e Mendiga não têm clínico. Segundo a vereadora Telma Cruz, dos mais de 16 mil utentes da UCSP, perto de oito mil estão sem médico de família.
“Os nossos doentes crónicos não estão sequer a ter resposta ao receituário. Os profissionais de serviço trabalham quase dia e noite para dar resposta, mas não conseguem”, denuncia Jorge Vala, que chama também a atenção para a “falta de controlo dos dados da Covid-19”, uma vez que médica de saúde pública se encontra de baixa.
Na segunda-feira, a câmara irá reunir com os presidentes de junta, onde poderão ser decididas novas formas de luta.
“Já reuni com o secretário Estado Adjunto e da Saúde. Já enviamos vários ofícios à ARSC e tivemos inúmeras reuniões com a coordenadora do ACES. A última coisa que queria é que se faça um levantamento popular, mas se calhar terá de ser”, admite o presidente do município.