O Lar Padre Jacinto António Lopes, do Centro Social e Cultural da Paróquia de Souto da Carpalhosa, no concelho de Leiria, está, há meses, a braços com um surto de sarna, que, segundo a direcção da instituição, já terá atingido cerca de uma dezena e meia de utentes e funcionários.
Joaquim Guarda, director do Centro Social, conta que o primeiro caso surgiu em Junho e que, nessa ocasião, “foram tomadas as medidas recomendáveis”, nomeadamente, “tratamento tópico [cremes] aos utentes”, “reforço do EPI [equipamento de protecção individual]” e “tratamento da roupa de quartos a altas temperaturas”.
Versão diferente é dada por um familiar de um utente, segundo o qual, “não foi dado o tratamento adequado, pelo que “o surto se espalhou a vários utentes e funcionários”. “Só agora fizeram a distribuição da medicação”, aponta esta fonte.
O director da instituição refuta as acusações, assegurando que foram seguidos “todos os procedimentos indicados para esta situação”. Como “não se conseguiu resolver na totalidade” a situação detectada em Junho, foram surgindo outros casos, o que levou o lar a adoptar novas medidas, nomeadamente “o tratamento oral [comprimidos] dado aos idosos e a todos os colaboradores, assim como a familiares dos idosos e de funcionários”. “Os sinais que temos indicam que a situação está controlada”, afirma Joaquim Guarda.
“A sarna é uma infestação cutânea contagiosa, por ácaro chamado Sarcoptes scabiei, que resulta numa erupção da pele, causando intensa comichão”, explica Rui Passadouro, delegado de Saúde do Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal. O médico frisa que “não se trata de uma doença de notificação obrigatória à Autoridade de Saúde, nem é motivo para alarme social, já que é uma doença de tratamento relativamente fácil”, se for “precocemente diagnosticada”.
Rui Passarouro refere que a sarna (ou escabiose) “deve ser tratada com medicação específica, dependendo da extensão das lesões e da idade dos doentes”, com medicação tópica (cremes) ou por via oral (comprimidos)”. Nas situações “em que há um grande número de pessoas atingidas e em que o contacto pessoa a pessoa é muito frequente, como nas casas de repouso, a medicação oral tem sido mais recomendada. O médico esclarece ainda que “os cuidadores dos doentes e os contactos íntimos também devem ser tratados” e que os bens pessoais, como toalhas, roupas normais e roupas de cama, “devem ser lavados em água quente e isolados,” para que “o parasita deixe de ser viável”.
Principais sintomas e factores de risco
Entre os principais sintomas da sarna humana (também designada por escabiose) estão a comichão ou prurido, sobretudo à noite, e erupções cutâneas semelhantes a picadas, especialmente entre os dedos, nas mãos, axilas, seios, nádegas, sendo que em idades mais precoces (bebés e crianças) essas erupções podem surgir noutras zonas como a cabeça, as plantas dos pés e palmas das mãos. São factores de risco de escabiose situações em que há muita proximidade entre as pessoas. “A imunossupressão, ou a diminuição das defesas, características dos mais idosos, devidos às múltiplas doenças, também é um factor de risco”.