O serviço de Urgência de Leiria vai ter noites sem especialistas de cardiologia e de cirurgia, em Outubro, uma vez que os médicos recusam ultrapassar as 150 horas de trabalho.
Sandra Hilário, dirigente de Leiria da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), revela que vários clínicos do hospital de Leiria, principalmente das especialidades de cirurgia, cardiologia e pediatria, vão exercer o direito de recusa legal de ultrapassar as 150 horas de trabalho suplementar.
“Entre 90 a 95% dos médicos vão exercer o direito de recusa legal das 150 horas de trabalho suplementar. Na pediatria, todos os colegas estão a exercer esse direito e vai haver oito noites sem cardiologia na urgência”, alerta.
Segundo a médica cirurgiã no hospital de Leiria, na especialidade de medicina interna também “há vários colegas que já entregaram as minutas”.
Por isso, adverte, esperam-se “constrangimentos de cirurgia, sobretudo às sextas, sábados e domingos, provavelmente sem escala de cirurgião para a urgência externa”.
“Na cardiologia é preocupante, porque existem vias verdes, nomeadamente a via verde coronária”, afirma, ao referir que na pediatria tem sido possível realizar escalas, mas sem cumprir “aquilo que a Ordem dos Médicos emanou como recomendação mínima de especialistas na urgência”.
Obstetrícia já esteve encerrada
Os constrangimentos esperados estendem-se à urgência de obstetrícia, “que já fechou alguns dias este mês”, não só “por não terem vagas de internamento, mas também por falta de pessoal”.
A caravana da FNAM pelo País chega hoje a Leiria, onde estão previstos esclarecimentos sobre o direito de recusa de ultrapassar o limite legal das 150 horas de trabalho suplementar e sobre a dedicação plena.
A caravana irá concentrar-se-á à porta do hospital de Leiria pelas 13 horas e os médicos desafiam a população a juntar-se para “salvar o SNS”.
“É um apelo que a FNAM faz à comunidade, para se aliar aos médicos e chamar a atenção de que o SNS está doente e precisa muito de ajuda”.
Sandra Hilário sublinhou ainda que a “população é o maior foco da FNAM e dos médicos”.
“Queremos sentir-nos descansados e capazes de observar e tratar bem os nossos doentes. Portanto, não podemos estar de todo exaustos”, reforça.