O que esperar de 2025? No plano local, obras. Os candidatos a candidatos presidenciais em 2026 estão a ocupar boa parte do espaço mediático dedicado ao comentário político, mas antes, lá para Setembro ou Outubro, há outra eleição no horizonte (falta decidir a data) e vamos (eleitores recenseados) ser chamados a escolher o presidente que não é de todos, mas só de alguns, em cada câmara e junta de freguesia. Até pode ser um voto de continuidade, no caso dos autarcas que se recandidatam, se voltarem a ganhar. Certo é que este será o último ano de mandato – e no último ano, há obras, porque eleições rimam com inaugurações.
Em Leiria, questionado sobre os projectos mais importantes que espera concluir e inaugurar em 2025, o executivo PS liderado por Gonçalo Lopes responde com uma lista de cinco: o pavilhão desportivo de Marrazes (Janeiro), o Centro de Artes Villa Portela (Maio), a primeira fase do Parque Empresarial de Monte Redondo (Junho), a torre nascente do topo norte do estádio municipal (Agosto) e o Terminal Intermodal de Leiria (Setembro). Em conjunto, representam um investimento superior a 13 milhões de euros.
“Há de facto um período natural que corresponde a um ciclo de planeamento, de lançamento de concursos e de obra”, diz Gonçalo Lopes ao JORNAL DE LEIRIA, “portanto, é muito natural, algumas das obras que vamos ter em 2025 são obras que começaram a ser idealizadas, planeadas, no início do mandato e agora serão apresentadas”, porém, “outras já vêm até de mandatos anteriores”, que é o que sucede com a Villa Portela, “que vai encaixar num ano dito eleitoral, mas sem qualquer tipo de intenção”.
“Ao longo dos outros anos temos tido sempre obra, portanto há que vencer esta ideia de que temos um planeamento só eleitoral”, frisa Gonçalo Lopes. Por outro lado, “pela sua dimensão e complexidade”, certos projectos “vão demorar sempre mais do que quatro anos”, a duração do mandato – acontecerá com as intervenções nas escolas D. Dinis e Afonso Lopes Vieira, que o autarca ressalva, contudo, que “têm forte consenso político” e “financiamento comunitário garantido”.
Para o vereador da oposição Álvaro Madureira, “fica por fazer” no concelho um conjunto de “prioridades” que considera não atendidas pelos socialistas: mais estacionamento, despoluição do rio Lis, uma circular externa, uma nova passagem aérea sobre a A19 para escoar o trânsito entre Leiria e Marinha Grande. Quanto ao Centro de Artes Villa Portela, a torre nascente do topo norte do estádio municipal ou a primeira fase do parque empresarial de Monte Redondo, “são projectos que já deviam ter sido construídos”, critica o eleito pelo PSD, partido de que se desvinculou entretanto. Só a Villa Portela, segue com 14 meses de atraso.
Orçamentos a crescer
Também por influência dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e conforme o JORNAL DE LEIRIA já noticiou, os orçamentos dos municípios da região para 2025 reflectem aumentos do montante global, por vezes significativos, na comparação com o exercício anterior. Mais 17 milhões em Alcobaça, mais 13 milhões em Leiria, mais 12 milhões na Marinha Grande, mais 12 milhões em Ourém, mais 12 milhões em Porto de Mós, mais 10 milhões em Pombal, mais 7 milhões na Batalha, mais 6,2 milhões em Castanheira de Pera, mais 5,5 milhões em Caldas da Rainha, entre outros.
Em alguns municípios, são atingidos valores recorde. É o caso da Marinha Grande, que aprovou o maior orçamento de sempre. Em 2025, a equipa liderada pelo independente Aurélio Ferreira quer fechar a revisão do Plano Director Municipal, expandir as redes de água e saneamento e concluir a alteração da Área de Reabilitação Urbana do centro tradicional da Marinha Grande e a criação da Área de Reabilitação Urbana do centro de Vieira de Leiria.
Na oposição, Alexandra Dengucho reprova a taxa de execução, que considera “baixíssima”, e diz que o presidente “não tem obra para mostrar”, à entrada para o último ano do mandato. “A única coisa que vão concluir e eventualmente inaugurar é a creche da Ivima”, aponta a vereadora da CDU. Mesmo a aprovação, há meses, de um empréstimo bancário para financiar a construção da nova piscina municipal, merece reparos. “A questão que se coloca é: durante estes três anos, o que é que foi feito? Nada”.
Aurélio Ferreira, vencedor pela primeira vez em 2021, rejeita as acusações. “Quando cheguei, não tinha projectos para fazer obra”, contrapõe. “Estávamos numa mudança de quadros comunitários”, ou seja, “um contexto muito difícil”, porque “hoje não é fácil para as câmaras usarem capitais próprios” em “obras de grande dimensão”. Com o programa Portugal 2030 e o PRR finalmente a acelerar, o autarca assegura que vai deixar “em termos de planeamento trabalho suficiente” para resolver reivindicações antigas da população da Marinha Grande. E já em 2025 conta lançar a reabilitação da Escola Pinhal do Rei e da Escola Loureiro Botas, a residência de estudantes Albergaria Nobre, a reabilitação do parque da habitação social, a requalificação do Auditório António Campos, a expansão da Zona Industrial de Casal da Lebre, a Estação Náutica da Marinha Grande e a constituição do Museu Nacional da Floresta no Parque do Engenho.
Centros de saúde e escolas
Em Ourém, a câmara salienta a requalificação da avenida Irmã Lúcia de Jesus em Fátima e da estrada de Minde, ambas até Novembro, e a requalificação do centro de saúde de Fátima, até Dezembro. Antes, até Junho, será requalificada a nacional 113, na entrada nascente de Ourém, e ampliado o centro de recolha oficial (CRO) de animais.
Em Porto de Mós, quase um quinto do orçamento de 2025 tem a ver com a obra da escola secundária de Porto de Mós, que vai prolongar-se até 2026. Na Batalha, o novo centro de saúde, já em construção, deverá ficar pronto ainda em 2025. A creche municipal (até Junho) é outra infraestrutura relevante.
Em Pombal, “2025 vai ser um dos anos com maior volume de investimento público”, antecipa a câmara, que sinaliza a abertura do edifício Explore Sicó e o prolongamento do corredor ribeirinho do Arunca. Por outro lado, os lançamentos de obra incluem uma nova incubadora de empresas, o grande parque verde urbano de Pombal, o campus de ensino superior, a construção de três novas unidades de saúde e a ampliação do centro de saúde de Pombal.
Gerir o calendário político
A gestão dos calendários continua a seguir “um padrão tradicional”, comenta o professor universitário e consultor político Arnaldo Costeira. E nem sempre por uma questão de estratégia. Por vezes, é apenas “natural” que obras de fundo que tenham sido lançadas “só possam ser concluídas antes do processo eleitoral”. Por outro lado, há projectos em que os tempos de financiamento e decisão não dependem, pelo menos exclusivamente, das autarquias. As grandes medidas podem nem caber num mandato de quatro anos.
“A comunicação política é permanente, hoje em dia, já não há um período eleitoral”, adverte o dean da Lisbon Business & Government School, no entanto, ainda é verdade que “às vezes se aceleram os processos para ter obra para mostrar”, o que vê como legítimo. “Faz parte das regras do jogo mostrar serviço, mostrar capacidade”.
O especialista lembra, contudo, que “as questões da grande obra não mobilizam os jovens eleitores”, uma franja do eleitorado “mais preocupada”, por exemplo, “com as questões ambientais” e com “questões estruturantes do emprego e da habitação”.
No fundo, resume Arnaldo Costeira, “a mensagem política” e “as propostas” devem “ir ao encontro das reais expectativas dos cidadãos” e só essa “sintonia” pode gerar “uma ligação emocional que leva o eleitor a votar”.
Topo norte: com duas décadas de atraso
Mais de 21 anos depois da inauguração do remodelado Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, onde por estes dias se disputa a Taça da Liga, o topo norte pode, finalmente, ganhar vida.
O estádio desenhado pelo arquitecto Tomás Taveira especificamente para o Euro português ainda continua por acabar e provavelmente todos os jogadores que ali actuaram em 2024 pelas respectivas selecções – entre eles, Zidane, Thierry Henry ou Patrick Vieira – já se retiraram do futebol ou pelo menos transitaram para outras funções, fora do relvado. Mas há uma solução à vista, mesmo que parcial. O Município de Leiria acredita que será possível instalar em breve na torre nascente do topo norte do Magalhães Pessoa os serviços locais e distritais da AT – Autoridade Tributária e Aduaneira.
A obra já decorre e o prazo de conclusão apontado pela autarquia termina no mês de Agosto. O investimento é de aproximadamente 3,5 milhões de euros. O contrato contempla a permanência da AT durante 15 anos, mediante o pagamento de uma renda mensal de quase 30 mil euros.
Oeste: museu reaberto, multiusos e nova casa da juventude
Sem se comprometer com datas, a câmara de Alcobaça prevê para 2025 a inauguração do pavilhão multiusos e um investimento de 8 milhões de euros na reabilitação de várias áreas do Mosteiro de Alcobaça. Na informação enviada ao JORNAL DE LEIRIA, a autarquia destaca, também, a conclusão da requalificação da Escola Frei Estêvão Martins. Os documentos previsionais incluem ainda a requalificação dos centros de saúde da Cela, Aljubarrota, Évora de Alcobaça e Alcobaça, um investimento de 6,8 milhões de euros, dos quais 2,2 milhões terão impacto no ano que agora começa, a inauguração da Área de Localização Empresarial da Benedita (ALEB) e a conclusão da reabilitação das margens dos rios Alcoa e Baça até à cidade.
Para o executivo que gere os destinos de Peniche, os destaques em 2025 são o Roteiro de Recursos Educativos – actividades de educação informal e não formal dinamizadas preferencialmente fora da escola e sala de aula, a que está associado um passaporte individual, que cada aluno vai carimbando – e o projecto CLDS 5G, que se destina a prevenir e combater a exclusão e a pobreza, em especial na infância. No mês de Março arranca a requalificação do jardim principal da cidade, intervenção que deverá ficar pronta até ao Verão.
Em Caldas da Rainha, quando questionado sobre as iniciativas mais importantes a inaugurar em 2025, o município aponta o edifício para instalação de equipa técnica especializada na saúde (Fevereiro), a passagem superior de peões na estação ferroviária de Caldas da Rainha (Março), a Casa da Juventude (uma intervenção de requalificação, em curso até Junho), a requalificação da rua da Estação (Julho) e a requalificação da rua Fernando Ponte e Sousa (Julho).
No Bombarral, o executivo que dirige o município espera que a obra iniciada em 2021 de restauro e reabilitação do Palácio Gorjão, edifício do século XVII onde estão instalados o museu, a biblioteca e o auditório municipal, fique concluída no primeiro semestre de 2025. Ainda para a primeira metade do ano, a autarquia anuncia a creche de Vale Covo (com 42 novas vagas) e o alargamento dos jardins de infância de Vale da Várzea e da Quinta de Santo António.