O TAP começa 2016, ano em que celebra o seu 40.º aniversário, com a internacionalização de um evento que destaca o teatro amador de qualidade.
A partir de hoje, dia 8, e até domingo, Pombal acolhe a 33.ª edição do Encontro de Teatro, promovido pelo TAP. Não, não falamos da Transportadora Aérea Portuguesa, mas do Teatro Amador de Pombal (TAP).
Serão três dias e três espectáculos com bilhetes a apenas dois euros. O arranque do evento acontece às 21:30 horas, de sexta-feira, no Teatro-Cine da cidade, com a companhia brasileira de São Paulo, Procênio, que leva Cordel – Uma viagem pela cultura popular, uma peça premiada no CALE-se – Festival Internacional de Teatro, em Vila Nova de Gaia, em 2012, com os prémios de Melhor Espectáculo, Melhor Encenação, Melhor Iluminação e Melhor Cenografia e interpretada pelo director artístico Felipe Henrique.
De passagem por Portugal, o grupo brasileiro traz na bagagem um conjunto de histórias criadas a partir da “literatura de cordel brasileira”, género de vertente mais popular escrito frequentemente lançando mão do ritmo e da rima, surgido no século XVI.
O TAP foi o grupo vencedor do Prémio Melhor Espectáculo 2013 com a peça A demanda, a partir do texto original do escritor de Pombal, Paulo Moreiras. No sábado, também às 21:30 horas e no mesmo espaço, é a vez de o grupo Ajidanha, de Idanha-a-Nova, subir ao palco do Teatro-Cine com o espectáculo Opus, encenado por José Carlos Garcia e interpretado por Bruno Esteves e Rui Pinheiro.
Esta terceira edição do encontro de teatro termina no domingo pelas 16 horas, com o espectáculo As Viagens de Gulliver, pelo Teatro Amador de Pombal, numa adaptação livre do romance homónimo de Jonathan Swift, com encenação de Gabriel Bonifácio e Humberto Pinto.
Intercâmbio e internacionalização
“Este evento tem como finalidade trazer grupos amadores de grande qualidade a outros palcos, auxiliando- os a ter mais voz, a aumentar a sua experiência e a trabalhar em conjunto”, explica a presidente da Direcção do TAP, Catarina Ribeiro.
É por esta razão que o Teatro Amador de Pombal estendeu um convite à vila de Idanha-a-Nova e à Ajidanha, para um intercâmbio. Aliás, há já vários anos que existe uma colaboração, entre ambos os grupos, nomeadamente, através dos encenadores Rui M. Silva e José Carlos Garcia.
A ida do Procênio e do espectáculo Cordel é, por outro lado, uma oportunidade para internacionalizar o Encontro de Teatro, como aconteceu já com encontros e intercâmbios com formações vindas de Espanha, como o De la Burla Teatro que co-organiza com a Ajidanha os Encontros Ibéricos de Improvisação.
Mas a concretização dos planos e as dores do crescimento de um organismo como o TAP que, este ano, atinge a meia-idade e celebra o seu 40.º aniversário, são sempre difíceis. “Estamos a reforçar relações com grupos de outros países e cidades com a mesma dimensão que nós, que têm os mesmos desafios no dia-a-dia, sem espaços próprios e com poucos fundos para concretizar muitos sonhos. Não somos companhias profissionais”, desabafa Catarina Ribeiro.
O que ver no Encontro de Teatro
Cordel – Uma viagem pela cultura popular é um espectáculo que leva o público através de uma viagem pela cultura popular brasileira, tendo como pilar principal a literatura de cordel.
Composto por quatro histórias narradas por um andarilho, personagem facilmente comparável com um menestrel de tempoidos e comum no imaginário brasileiro, este espectáculo aborda a cultura de um povo sofrido, castigado pela seca do sertão mas que, apesar de tudo, preserva as suas tradições, a alegria e mantém viva a cultura popular, misto de magia africana com uma ponte na América do Sul, que dilui os sinais de portugalidade, como aliás, é apanágio das tradições e identidade brasileiras.
A peça, protagonizada por Felipe Henrique, percorreu vários países sul americanos, nos últimos anos, passando por Espanha e Portugal, e coleccionando prémios à sua passagem.
No sábado, o grupo Ajidanha sobe ao palco com Opus. Este é um espectáculo com direcção de José Carlos Garcia, encenador que já trabalhou com o TAP, e interpretações de Bruno Esteves e Rui Pinheiro.
“Opus é um espectáculo divertido, cómico mas também reflexivo, que pretende um olhar delicado e inteligente sobre as efemeridades da vida, com tudo o que isso representa de dúvidas e incertezas”, refere o programa do Encontro.
O capítulo final do evento acontece no dia 10, domingo, com As Viagens de Gulliver, pelo TAP, numa adaptação livre do romance homónimo de Jonathan Swift, com encenação de Gabriel Bonifácio e Humberto Pinto.
“É um espectáculo para os mais novos mas que os adultos e famílias também vão gostar”, assegura Catarina Ribeiro. A peça que foi representada apenas uma vez em Pombal, recentemente, passou pelo Hospital Pediátrico de Coimbra.
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