Paredes de Coura marca o documentário sobre os First Breath After Coma com exibição agendada para esta sexta- feira, 26 de Novembro, no Teatro José Lúcio da Silva.
A presença na montra maior do festival, em 2019, no mesmo dia de Deerhunter, Spiritualized e Father John Misty, é, ainda hoje, o concerto mais mediático da carreira da banda de Leiria.
As imagens registadas pela câmara de Tiago Gomes nos bastidores, no fim do espectáculo, colocam toda a emoção em primeiro plano. “Está o Miguel [o manager] lavado em lágrimas, a dar-nos abraços, é muito bonito”, recorda o baixista Rui Gaspar. “Tocou a todos terem ido a Paredes de Coura no palco principal”, confirma o realizador.
Horas antes, durante o sound check, era outro, muito diferente, o estado de espírito: nervosismo, ansiedade, apreensão, com Rui Gaspar, Telmo Soares, João Marques, Pedro Marques e Roberto Caetano a reencontrarem-se muito tempo após o mais recente ensaio. “Ninguém se lembrava de quando tinham ensaiado pela última vez”, avança Hugo Ferreira, da Omnichord, a editora dos First Breath After Coma.
O filme expõe todas as inseguranças daquele instante, sem máscaras. “Somos um grupo de amigos a divertir-se e passa isso, não tenta embelezar o que não existe”, diz Rui Gaspar. “Tentei mostrar um lado mais cru e mesmo quando as coisas não correm tão bem não há que esconder. Tudo tem altos e baixos. Tentei ser verdadeiro”, explica Tiago Gomes.
Afinal correu tudo bem e até a Blitz escreveu sobre eles: “Pode uma banda tímida dar um concerto intenso? A receita dos First Breath After Coma no fim de tarde em Paredes de Coura”.
Hoje, no Teatro José Lúcio da Silva, e pela primeira vez em Leiria, a agenda inclui o álbum Nu musicado ao vivo e a projecção de We Were Floating High, que, num certo sentido, apresenta a verdade na música e lembra a frase de Jack Kerouac utilizada pela Omnichord: the only truth is music, a única verdade é a música.
Abre uma janela, também, para a verdade de cinco rapazes que, antes de tudo o resto, partilham uma amizade, uma banda que é mais do que uma banda. “Um grupo de amigos que se juntou e fez qualquer coisa que gostava de fazer”, resume Tiago Gomes. “Não se fala tanto de música como se falaria num documentário sobre música”.
Um exemplo dos laços que os unem surge no final da maratona de 24 horas consecutivas a tocar no festival A Porta: “O abraço da mãe do Pedro. Para mim, é aquele momento que fica mais marcado”, aponta Rui Gaspar.
We Were Floating High é um título retirado de uma canção e resume o 2019 dos First Breath After Coma. Muitas coisas aconteceram e muitas coisas boas. O lançamento do álbum visual Nu e actuações em sete países, o Paredes de Coura e o Bons Sons com Noiserv, o Há Música na Cidade com os Whales, as 24 horas seguidas a tocar no festival A Porta, concertos em Lisboa e Porto e o espectáculo com mais de 50 elementos da Banda de Mateus.
“Não tínhamos a noção de quão bom foi aquele ano e acho que só percebi quando vi o documentário”, admite Rui Gaspar.
“Será que as coisas vão voltar a ser assim?”, questiona Hugo Ferreira, numa referência ao impacto da pandemia no sector da cultura. “Não temos a certeza. Ainda bem que ficou registado”.
O fio condutor do documentário são as entrevistas a cada um dos membros da banda, que guiam o espectador. São estes depoimentos, de personalidades muito diferentes entre si, que, segundo Hugo Ferreira, permitem conhecer o segredo do universo criado pelos First Breath After Coma. “A força disto tudo é a empatia entre eles. E a música”.