O Bons Sons, festival que se assume como maior festa da música com a chancela “Feito em Portugal”, está de volta, após um ano de paragem, para obras e requalificação da aldeia de Cem Soldos, nos arredores de Tomar, que lhe serve de palco.
“Talvez seja o ano onde, quem vem ao Bons Sons, notará mais diferenças. As obras de requalificação que aconteceram em 2022 e 2023, reconfiguraram bastante a estrutura do largo da aldeia e isso vai ser bastante visível. Há bastante entusiasmo em conhecer o novo espaço e conhecer esta mesma aldeia neste novo recinto e ruas adjacentes” diz Miguel Atalaia. O director artístico do festival sublinha que este é um ano especial, por ser também de celebração dos 50 anos do 25 de Abril.
“É algo que acompanha muito a nossa ideia de viver a diversidade e a liberdade conquistada no 25 de Abril também é traduzida nesse respeito e valorização pela diversidade estilística artística, comunitária e individual. Este ano, também temos essa bandeira, com um conjunto de conversas dinamizadas pela plataforma de comunicação Gerador, parceiro já habitual do festival, além de um conjunto muito alargado de iniciativas paralelas, que vão encher os dias do festival, desde as 10 da manhã até ao princípio da noite.”
Com um novo espaço urbano, haverá, igualmente, algumas reconfigurações dos habituais palcos da mostra de música. Entre hoje, dia 7 e domingo, 11 de Agosto, haverá dez, mais dois do que em 2022. “Isto permite uma reconfiguração do auditório Agostinho da Silva, que deixa de ser dedicado, em exclusivo à programação de outro parceiro, na área da dança, o Materiais Diversos. O espaço ganhará novas valências e actividades paralelas para famílias e concertos”, descreve Miguel Atalaia.
Nos restantes palcos, acontecerão os concertos de bandas e artistas portugueses, que reflectem a produção musical nacional, como Valete, Surma, Cláudia Pascoal, Gisela João ou Legendary Tiger Man. E sim, continuará a ser possível acampar, desde que se tenha o passe-geral para todos os dias do Bons Sons.
Para quem optar por ficar por Cem Soldos e passar os dias à espera da festa nocturna, durante o dia, haverá diversas iniciativas de descoberta do património natural da região, da localidade e da restante freguesia da Madalena. “Teremos percursos artísticos e pela biodiversidade, com uma parceria com a 30 Por Uma Linha”, anuncia o director artístico.
Celebração da ideia de comunidade
Como sempre, a comunidade inteira está envolvida na organização deste festival único em Portugal. Há avós, de dedos ágeis, a ensinar os netos a burilar peças de merchandising, como a Tixa, a lagartixa que se tornou no símbolo do evento, ou moradores a pintar ou a alisar terrenos de cultivo e olivais para servirem de palcos e anfiteatros naturais. Mais do que um festival de música, o Bons Sons quer ser uma celebração da aldeia, com objectivos conhecidos por todos, com vista aos benefícios da comunidade.
“Uma das premissas do evento é a angariação de receita para outros projectos sociais que pretendemos criar. O Bons Sons, que nasceu com o suporte do Sport Clube Operário de Cem Soldos, a associação local, ganhou uma escala e importância social que permitem uma série de dinâmicas comunitárias que não têm paralelo no resto do ano. Estou a falar no apoio aos idosos, na manutenção dos centros de saúde – somos nós quem paga a contas de água e da luz -, ou projectos ao nível da infância e apoio às escolas e ao plano educativo local”, explica Miguel Atalaia, recordando que se regista a vinda de casais novos para reconstruir casas e fixar-se na aldeia.
“Temos a escola primária e o jardim de infância cheios de crianças. O festival está a ajudar-nos a contrariar o despovoamento do interior!”.