Demasiado fácil para não se fazer, a ligação entre o nome do projecto que actua no próximo sábado (29 de Maio) na Igreja da Pena e o impacto que se espera do novo ciclo de música exploratória portuguesa, a realizar em Leiria, por iniciativa da Fade In.
Com início às 19 horas, o espectáculo dos Calhau! promete abalar como pedrada em vidro as fronteiras que delimitam a estética da música ao vivo na cidade. E é apenas o início. A associação propõe 10 concertos até Outubro (na Igreja da Pena, na Igreja de São Pedro e no anfiteatro do Castelo) em que só cabem as sonoridades mais experimentais.
No activo há 15 anos, já editados com selo da belga Kraak, os Calhau! lançaram em 2020, pela inglesa Discrepant, oito faixas sob o título Tau Tau – a Fade In descreve o percurso de Marta Ângela (Marta von Calhau) e João Artur (Alves von Calhau) como um exercício “às vezes ritualista”, “genialmente absurdo” e “estupidamente criativo”. Os bilhetes – limitados a 23 pessoas, por causa da pandemia – esgotaram na segunda-feira. E há público – fiel, por exemplo, do Entremuralhas – que vem propositadamente do Porto.
O ADN da associação também responsável pelos festivais Monitor e Entremuralhas é um ADN experimental, mas, nunca tanto como agora, reconhece Carlos Matos, presidente da Fade In. “Por um motivo ou outro, nunca tivemos coragem de apostar nestes projectos, porque sabemos que são alternativos e para uma minoria”.
O novo ciclo de música exploratória portuguesa assinala 20 anos do Fade In Festival e tem o apoio do Município de Leiria.
No próximo mês, actuam Vítor Joaquim e Osso Exótico, ambos os concertos na Igreja da Pena, nos dias 12 e 26, respectivamente.
Até Outubro, estão agendados espectáculos de Joana Guerra, Ensemble Decadente, HHY & The Macumbas, Sei Miguel Trio, João Vairinhos e Löbo. Mas, para muitos, o momento maior do programa é a data reservada para Vítor Rua e os Telectu: 25 de Setembro, com Ilda Teresa de Castro.