Os grupos de cidadãos foram os grandes vencedores destas eleições autárquicas no distrito, ao conquistarem mais três câmaras (Batalha, Caldas da Rainha e Marinha Grande), conseguindo ainda segurar Peniche, mas sem maioria.
O reforço na votação nestes movimentos fez-se sentir também nas assembleias municipais, onde passaram de 28 para 44 mandatos.
Para uns ganharem, outros têm de perder. E neste caso, o PSD – que até obteve o maior número de votos (mais 15.700 do que em 2017) – foi um dos derrotados. Viu o movimento Vamos Mudar, liderado por um ex-autarca eleito como independente nas suas listas – Vítor Marques -, roubar-lhe a Câmara de Caldas da Rainha, que, com excepção do mandato de 1982-85, sempre liderou.
Os sociais-democratas ficaram também sem a Batalha, outro bastião seu, cujo município passará a ser presidido por Raul Castro, que já havia comandado a autarquia entre 1990 e 1997, eleito pelo CDS-PP. O PSD reconquistou a Câmara Pedrógão Grande ao PS, mas perdeu Castanheira de Pera para os socialistas.
Contas feitas, os sociais-democratas ficam a liderar apenas seis câmaras no distrito (mais Ourém onde concorreu em coligação com o CDS-PP e reforçou a maioria), igualando o número mínimo de municípios em que foi poder, que tinha registado nas autárquicas de 1982 (três sozinho e três na Aliança Democrática).
Também o PS perdeu força no mapa das lideranças de câmara no distrito, tendo agora menos uma: Marinha Grande, onde Cidália Ferreira não conseguiu ser reeleita, perdendo para Aurélio Ferreira (+MPM).
O PS recuperou Castanheira, manteve a maioria em Leiria, onde, pela primeira vez, há um militante socialista eleito como presidente de câmara – Gonçalo Lopes -, mas perdeu Pedrógão Grande.
Comparando com 2017, as candidaturas do PS às câmaras do distrito tiveram menos cinco mil votos. Em comunicado, a Federação Distrital do PS faz uma leitura diferente dos números, ao incluir no seu total de votos aqueles que foram conquistados pelo movimento Batalha é de Todos, por, alegam, ter sido“apoiado” pelos socialistas.
Chega elege dez em AM
Estas eleições marcaram a estreia do Chega e do Iniciativa Liberal em disputas autárquicas. Nenhum dos partidos elegeu qualquer vereador na região (distrito de Leiria e concelho de Ourém), mas conquistaram, respectivamente, dez e dois mandatos em assembleias municipais (AM).
Em Ansião, Leiria, Óbidos, Pombal e Porto de Mós o Chega foi mesmo a terceira força política mais votada para a câmara e para a AM, conseguindo garantir representação na AM, o mesmo acontecendo em Alcobaça, Batalha, Bombarral, Ourém e Peniche.
Na capital de distrito, o partido de André Ventura elegeu dois deputados municipais, superando o resultado do CDS-PP, da CDU e do BE, que conseguiram apenas um mandato cada. O Iniciativa Liberal conquistou um lugar na AM da Batalha e outro em Leiria.
Só homens na presidência
Nestas eleições, entre os 99 cabeças-de-listas às câmaras da região – distrito e Ourém -, havia 19 mulheres, mas nenhuma conseguiu ser eleita, incluindo Cidália Ferreira e Alda Carvalho que concorriam a segundo mandato na Marinha Grande e em Castanheira de Pera.
Assim, todos os 17 municípios serão liderados por homens, o que não acontecia desde as autárquicas de 2009. As presentes eleições ficaram também marcadas pela subida da abstenção, tanto no País como no distrito. Aqui, não votaram 46,52% das pessoas inscritas, em linha com o valor nacional, mas ainda assim abaixo dos 49,59% registados em 2013, a abstenção mais elevada em autárquicas no distrito.
Nazaré foi o concelho da região onde menos se votou com uma taxa de abstenção de 55,42%, enquanto Castanheira de Pera voltou, a registar o valor mais baixo 26,56%, à semelhança do que aconteceu em 2017.