Mobilidade | Cidade de Leiria vai receber novas ciclovias urbanas e apoiar a aquisição de bicicletas eléctricas. Medidas estarão concluídas em seis meses. Várias autarquias da região investem na redução de emissões de carbono, em especial nas zonas urbanas, com incentivo do uso de bicicletas como transporte quotidiano
No âmbito do Leiria Regressa, programa da responsabilidade da autarquia com vista ao regresso da comunidade à “vida normal”, dentro das restrições causadas pela pandemia de Covid- 19, vai ser criado em Leiria um novo conceito de mobilidade, com a criação de novas ciclovias.
Segundo o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, serão “vias de execução rápida”, com marcação e sinalização nas avenidas e ruas da cidade.
O anúncio público deverá decorrer ainda esta semana. “Estas pistas são fundamentais para a mobilidade das pessoas, especialmente para os sítios onde trabalham”, refere o autarca.
Uma das críticas que, commumente, são apontadas à rede de ciclovias das cidades e vilas da região é que, raramente, servem para levar os cidadãos que optam por meios de deslocação leves, como as bicicletas, até aos serviços e emprego, servindo mais para questões de lazer, mas, em Leiria, a aposta é dar resposta e solucionar esta situação.
O vereador Ricardo Santos esclarece que, este Verão, será a feita a marcação de cerca de cinco quilómetros de circuitos para ciclistas, no âmbito de um conjunto de pavimentações em vias no perímetro urbano, entre os quais se desta com a Rua de Tomar, Rua de Santo André, Avenida Heróis de Angola e Rua Tenente Valadim.
Assim, a cidade será atravessada por novos percursos, sendo o mais extenso desenhado entre o estádio municipal e o Hospital de Santo André . O trajecto fará uso do circuito Polis e terá ramais noutra s artérias, como a Avenida Nossa Senhora de Fátima.
“A mobilidade urbana irá mudar. Não será uma ciclopista com a configuração que estamos habituados a ver a o longo da Estrada Atlântica. Será partilha da onde o perfil urbano o obrigue”, explica Gonçalo Lopes, realçando que outras cidades europeias e nacionais, como Lisboa e Porto, estão a optar pelo mesmo modelo.
Se tudo correr de acordo com o plano, dentro de seis meses, será possível deixar o automóvel no estacionamento do estádio e percorrer o caminho até do destino de bicicleta eléctrica, sem complicações de trânsito, nem de estacionamento.
Partilha e incentivo à aquisição de bicicletas
Além das “ciclovias de execução rápida”, o programa da autarquia terá outras novidades, como a partilha de utilização de bicicletas eléctricas, apoios à aquisição destes veículos e ainda a modificação de espaços para acolher as mudanças na filosofia de circulação e de usufruto do espaço público.
O trabalho neste projecto, sublinha Gonçalo Lopes, foi feito em “tempo recorde”, tendo iniciado há apenas três meses. “A Covid-19 veio acelerar a sua conclusão e facilitar algumas situações. Percebemos que não agrada às pessoas terem de partilhar os transportes públicos.”
A autarquia também já contactou a empresa que forneceu as bicicletas eléctricas ao Politécnico de Leiria, mas, perante o seu elevado custo, e está a estudar outras propostas para a rede.
“Uma das nossas ideias é dar incentivos para a aquisição de bicicletas, como está a acontecer em Lisboa, onde o valor pode variar entre os 150 e os 200 euros. Se conseguíssemos criar um apoio para a aquisição de 50 ou 150 bicicletas, já permitiria sentir uma diferença na cidade.”
A autarquia está também em conversações com a CCDR, para obter financiamento. “Acredito que a mobilidade irá mudar e serão vencidas algumas [LER_MAIS]resistências que, há uns anos, apareceram na discussão do Plano de Mobilidade. Hoje, vemos aparecer mais espaço urbano e mais espaço para bicicletas noutras cidades”, acredita Gonçalo Lopes.
Leiria está ainda a apostar na construção de ciclovias nas freguesias, estando neste momento em projecto a construção de uma ciclovia partilhada ao longo da EN109-9, entre Monte Redondo e a Aroeira, e entre as Cortes e a Guimarota. Recentemente, ficou ainda concluída uma ciclovia na variante da Caranguejeira.
Mais espaço para as pessoas
Noutra vertente do Leiria Regressa, a cidade irá também ter mais e maiores esplanadas e mais espaços ajardinados.
Em vários pontos do Polis, além dos bancos simples, serão distribuídas 20 mesas, para que, quem trabalha, possa desfrutar do almoço comprado no take-away ou trazido de casa, num espaço seguro ao ar livre.
“Demorámos duas semanas a trabalhar estas ideias e a prepará-las para as pôr em prática. Em tempo de Covid- 19, tivemos um tempo de reacção muito mais rápido.”
Feliz por o plano estar, por fim a avançar, o presidente da Câmara refere que, há anos, se fala de algumas destas medidas, mas, invariavelmente, têm sido sempre adiadas.
Neste momento, ainda não há um número final de custos, mas o autarca calcula que será na ordem de “alguns milhões de euros”. “É um projecto prioritário, por ser comunitário e ser necessário à população.
Temos de criar o hábito de utilizar a bicicleta e a percepção agora viva na mente dos cidadãos pela Covid, pode ajudar- -nos. Não podemos perder esta oportunidade.”