Vai ficar tudo bem? Talvez sim, talvez não. Depende da pessoa e depende do momento. Os Quinta-Feira 12 regressam e lembram precisamente que, às vezes, Não Tamos Bem. E que também está tudo bem, se não estamos bem. Simplificando: com o novo single, pretendem “normalizar o não estar bem, os altos e baixos na superação de desafios sem negar qualquer emoção”.
Não querem que a canção “seja um hino à tristeza”, mas sim “à imperfeição e à honestidade” que, acreditam eles, “devemos a nós mesmos”. Qualquer comparação com os confinamentos de 2020 e 2021 não é pura coincidência, embora considerem a mensagem válida além da pandemia.
Após dois anos, quatro meses e 20 dias em silêncio – “tempos de cura, física e psicológica. Tempos de olhar para dentro e cavar conclusões”, explicam, com João Correia, por exemplo, a enfrentar problemas de saúde –, os Quinta-Feira 12 voltam como começaram. Isto é, contam novamente com o baterista Kitz Afonso e estão menos suportados na electrónica e na utilização de sons pré-gravados. Mais próximos, outra vez, do analógico e do clássico conjunto de guitarras, baixo e bateria.
Com uma letra que aborda o contexto pandémico e os desafios relacionados com a saúde mental, Não Tamos Bem reafirma o colectivo de Pombal no território da chamada pop alternativa. O vídeo partilhado no YouTube acumula mais de mil visualizações em poucos dias e o tema é tão fácil de ouvir como difícil de esquecer.
“À procura de mais liberdade” e da “naturalidade do antigamente”, conta João Correia ao JORNAL DE LEIRIA, os Quinta-Feira 12 mantêm, nesta nova fase, o equilíbrio entre elementos “extremamente comerciais” e outros “que não agradam a toda a gente” – a fórmula que justifica o título do disco anterior: Quase Pop.
O single agora disponibilizado, a abrir 2022, é “o avanço de vários singles” que “estão praticamente prontos” e que planeiam “lançar ao longo do ano, possivelmente a culminar num EP ou num álbum”. Porque a indústria do entretenimento continua a mudar, a estratégia também é, de algum modo, um comentário à actualidade e ao primado da imagem. “A música parece que já não chega hoje em dia”, dado o ritmo de vida acelerado e a escassa atenção dispensada para cada novo conteúdo que as redes digitais distribuem.
“Não dá pa tar contente porque convém, há dias que faz bem ficar sozinho, há dias que faz bem chorar bonito”, ouve-se na nova canção, com João Correia a sublinhar na conversa com o JORNAL DE LEIRIA que “não há atalhos para a felicidade”. O comentário não é necessariamente ou exclusivamente biográfico, embora também os Quinta-Feira 12 sintam os efeitos do discurso que existe para “nos tentar fazer sempre sorrir”.
O single Não Tamos Bem foi produzido, gravado e misturado por Rodolfo Jaca e masterizado por Pedro Ferreiras no estúdio Haus. Já o vídeo, tem realização dos próprios Quinta-Feira 12 – João Correia e Rodolfo Jaca ao volante, apoiados por Pedro Freitas, Pedro Correia e Kitz Afonso – que anunciam já concerto agendado em Lisboa, no mês de Fevereiro.
Anteriormente, a banda editou Fiasco (álbum de estreia, em Maio de 2016, pela Rastilho Records, de Leiria) e Quase Pop (Março de 2019).