Quantos artistas portugueses conseguiram espaço na imprensa britânica? Depois de morto, José Pinhal está cada vez mais famoso e até o jornal The Guardian se interessou pela história do cantor de Matosinhos, que morreu num acidente de viação. No artigo publicado no início de Fevereiro, o diário com sede em Londres aponta o estatuto de culto alcançado nos últimos anos e destaca o tributo José Pinhal Post-Mortem Experience, que no ano passado actuou em palcos como Paredes de Coura (Sobe à Vila) e Cem Soldos (Bons Sons) – esta sexta-feira, 21 de Julho, a banda é cabeça de cartaz na primeira noite do festival Ti Milha, que se realiza nos arredores de Pombal.
Artista da cassete, do baile e da boîte, romântico como na música pimba, José Pinhal faleceu em 1993, quase anónimo. Só recentemente se tornou fenómeno de popularidade, quando gravações descobertas por acaso começaram a circular em festas e através da internet. O colectivo José Pinhal Post-Mortem Experience surgiu em 2016 e amanhã, já depois da meia-noite, fecha o primeiro conjunto de concertos do Ti Milha em 2023, antes do DJ set a cargo de Lonely Low Rosa.
Ao longo de três dias, até ao próximo domingo, o Ti Milha leva música, teatro, cinema, contos, jogos e workshops ao Parque de Lazer da Ilha.
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Além de concertos de Bateu Matou, Acácia Maior, Iolanda, Claiana, Quadra, Catarina Branco, Trocadilho Vago e Sons do Bracejo, o festival inclui a mostra de curtas-metragens Mov’Ilha, a Feira do Diacho com artesanato e artigos em segunda mão, a peça Os Lusíadas pelo Teatro Amador de Pombal, o monólogo Acordar Novamente por Maria Cavalheiro e o espectáculo de marionetas Dom Roberto, da companhia Rui Sousa.
Estão anunciadas residências artísticas de Joel Faria (desenho), Maria Cavalheiro (pintura), José Pedrosa (fotografia) e João Ribeiro (pintura).
Do programa constam workshops sobre plantas (com a Tripeirinha), cozinha vegetariana, velas e esfoliantes corporais, uma conversa inspirada na permacultura, uma oficina de danças europeias, uma sessão de yoga, um torneio de xadrez e um mega piquenique.
Tatuagens relâmpago e demonstrações de kickboxing, puzzles e jogos de tabuleiro moderno também são propostas do Ti Milha nesta edição.
Domingo “é o dia familiar”, diz um elemento da organização, da responsabilidade da Arcups – Associação Recreativa e Cultural de Promoção Social. O acesso é gratuito. Ana Rita Ferreira e a Filarmónica Ilhense vão oferecer um momento musical para crianças e o sarau com o Rancho Etno-Popular da Ilha e as Capacheiras da Ilha vai celebrar o folclore da região, as danças e os capachos artesanais. Já no projecto Sons do Bracejo, o quinteto liderado por André Ramalhais cruza o jazz com sonoridades da música da Ilha.
Contribuir para a vivência das tradições locais “é um dos motes principais”, assinala fonte da organização. “Queremos levar o Ti Milha ao mundo mas também queremos levar o mundo ao Ti Milha”. A sustentabilidade e a defesa do meio ambiente são valores do festival, que se anuncia para todas as idades.
Os concertos também partilham o mesmo princípio, diz o membro da Arcups: “É um festival de festa em que todas as bandas são cuidadosamente seleccionadas para que façam dançar o público”.
O passe geral custa 13 euros e os bilhetes para um dia têm o preço de oito euros na sexta-feira e 10 euros no sábado. Há campismo gratuito com piscina e a organização espera superar o número da edição anterior e acolher perto de 4 mil visitantes em três dias.