Os furtos de combustível e os estragos feitos nas lonas dos camiões têm causado prejuízos às empresas de transportes de mercadorias, bem como às de passageiros. Além dos custos, as transportadoras falam sobre o sentimento de insegurança deixado nos motoristas e sobre as alterações de rotas que é preciso implementar.
Para alguns, a solução tem passado por investir em sistemas que dissuadam os larápios. Mas o ideal, aponta a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), passaria por criar mais parques seguros, que escasseiam em Portugal e no resto da Europa.
“Só este ano, já foram dez as ocorrências deste género. Alguns danos [LER_MAIS]nos depósitos dos veículos acabam por causar algum prejuízo à empresa”, explica uma das grandes transportadoras do distrito ao nosso jornal. As situações, que têm acontecido tanto em rotas nacionais como nos percursos internacionais, implicam prejuízos variados, faz saber a mesma empresa.
“Desde o próprio combustível, que já foi adquirido pela empresa, que tem de voltar a adquiri-lo para repor no depósito, bem como a reparação dos danos causados no veículo”.
Além destes transtornos, acresce “o consequente atraso em cargas ou descargas anteriormente agendadas”, uma “falha no compromisso com os clientes”, lamenta a transportadora. Para evitar situações do género, a empresa selecciona sempre “os locais mais seguros para o motorista, veículo e mercadoria, evitando a paragem ou pernoitas em locais conhecidos, vulgarmente por mais vulneráveis a esses actos”.
Não é de furtos de combustível, mas de estragos em lonas que se queixa a empresa Transportes Especializados ACosta, da Marinha Grande. São casos esporádicos, mas “forçaram entradas nas lonas, em França. Já tivemos duas ou três situações dessas”, conta um dos responsáveis pela empresa. “O objectivo é ver a mercadoria, para perceber se a podem levar”, prossegue o responsável.
Os prejuízos com o material não são maiores, porque a empresa tem condições para fazer internamente essas reparações. No entanto, “deixa sempre sentimento de insegurança e temos de encontrar outros pontos para pernoitar”, nota a mesma fonte.
“Ainda na semana passada furtaram combustível de uma carrinha”, conta César Curado, responsável pela Transportes Senhora da Agonia, de Leiria. “É esporádico, mas é sempre em Portugal. No estrangeiro, escolhemos áreas de serviço e não temos tido problemas”, relata o empresário.
Joaquim Ramalho, gerente da Transportes Central da Benedita, decidiu há cerca de sete anos investir três mil euros em aparelhos de videovigilância. Foi a forma que encontrou para travar os furtos de gasóleo e também de baterias, refere o responsável.
Investir mais no sistema de videovigilância é também o objectivo de Paulo Carvalho, director da Rodoviária do Lis. Em Leiria, pararam há cerca de ano e meio os furtos de combustível que decorriam durante a noite.
A aposta no sistema de videovigilância foi “dissuasora”, nota o director. Presentemente, a empresa está a tentar sensibilizar a Câmara da Figueira da Foz para que as mesmas medidas sejam tomadas naquele concelho, onde os furtos se mantêm no terminal municipal. São prejuízos relevantes, tendo em consideração que cada autocarro é abastecido com 400 litros de gasóleo, realça Paulo Carvalho.
Contactada pelo JORNAL DE LEIRIA, a ANTRAM refere que embora situações do género também afectem os seus associados, estes não têm feito chegar relatos concretos sobre os acontecimentos nem pedidos de intervenção.
No entanto, advoga a associação, “o ideal para evitar este tipo de situações seria a existência de mais parques seguros que, na realidade, são inexistentes em Portugal e insuficientes em toda a Europa face ao fluxo de tráfego verificado”. “Este alerta – para a necessidade de construção deste tipo de infra-estruturas – tem sido feito de forma muito vincada, principalmente junto da União Europeia”, prossegue a ANTRAM, frisando que “a nível individual, as empresas devem procurar ter sistemas anti-roubo quer de combustível, quer de mercadorias, além de celebrarem os necessários seguros de mercadoria (que não são por lei obrigatórios)”.