O centro histórico de Leiria continua a atrair gerações e a fomentar a revelação de novos projectos, apesar das medidas de controlo da Covid-19 que penalizam duramente o sector da cultura e a actividade dos bares e restaurantes.
Ao longo da Rua Direita, a dinâmica de programação induzida por destinos de comida e bebidas como o Atlas, o Habitat e, mais recentemente, o Antro, estabelece uma âncora para a confluência de ideias e tendências que significam a reinvenção da zona mais antiga da cidade.
Depois de constatarem a existência de um nicho de criadores com ligações a Leiria que utilizam a imagem e o papel como intermediários na expressão artística, sobretudo em ilustração, Flávia Sousa, Nádia Martins (presidente e vice-presidente da associação Collippo) e Luís Carvalho (artista que assina como Frio, proprietário do Antro) decidiram avançar para a organização de um evento na Rua Direita com o objectivo de incentivar redes de colaboração e inserir a cidade no circuito de feiras focadas no trabalho de autor e na edição independente.
Agendada para este sábado, 11 de Dezembro, a Feira Torta deverá distribuir entre 20 a 30 bancas por três estabelecimentos: Antro, Atlas e Habitat.
“Queremos fazer coisas, ter algum impacto cultural”, explica Luís Carvalho. “E acabamos por ter mais facilidade se nos juntarmos”. No Antro, a intenção é mesmo consolidar, a prazo, uma plataforma de produção, exposição e comércio para artistas emergentes, um misto de galeria e livraria.
Sara Couto, Pedrosa, Rita Conde, Johnny, Rui Moura, Ziion, Mariana, Ana Sobreira, Frio, Paper View, Pedro, Marco, Mikzzart, Lightningbolts, Ana Louro, Fossilmorph e Dois Demónios são nomes já anunciados pela organização da Feira Torta, que tem abertura marcada para as 15 horas.
“As pessoas que vivem aqui, que vêm aqui todos os dias, têm direito a ter uma oferta diferente, não só a nível cultural como de desenvolvimento de competências. E todos nós somos agentes da cidade e por isso temos de trabalhar em conjunto”, refere Nádia Martins.
A associação Collippo suporta o festival Shortcutz Leiria e encontra-se a desenvolver um projecto para website, podcast e agenda em papel, destinado a jovens adultos, com informações sobre empregabilidade, habitação, literacia financeira, saúde mental e bem-estar.
“Tanto o Shortcutz como esta feira [a Feira Torta] têm um âmbito cultural mas têm sempre a parte dos jovens adultos por trás. E nós servimos como instituição para facilitar as comunicações com a Câmara, burocracia, financiamentos, essas coisas todas”, resume Flávia Sousa. “É esse o caminho que queremos fazer na associação para este grupo alvo”.