Com o coronavírus, vieram meses sem trabalhar e confinamentos “praticamente isolado” em casa. “Estava mais ou menos numa média de 100 concertos por ano e no ano da pandemia tive seis”. Agora, Filipe Rocha regressa a um lugar que realmente o faz feliz: o palco.
O alívio de restrições descongela o sector da cultura e voltam os espectáculos de Sean Riley & The Slowriders, The Legendary Tigerman e Cabrita.
As datas ao vivo sucedem ao lançamento de discos por Cabrita e Sean Riley, para quem toca bateria, e incluem Tigerman, em que assegura as linhas de baixo, mas Filipe Rocha, que começou nas teclas aos sete anos de idade e depois aprendeu guitarra, bateria, baixo e contrabaixo, espera, “muito em breve”, e também numa colaboração com Paulo Furtado, gravar a banda sonora de uma peça de teatro.
Não é a primeira vez que participa numa produção com actores, e, porque o balanço pessoal “está a ser muito bom”, provavelmente não será a última.
Os concertos, continuam, no entanto, a mexer com as emoções do músico natural de Coimbra, em Leiria desde os dois anos de idade e actualmente a viver entre Lisboa e Leiria: “O palco é uma coisa a que uma pessoa se habitua de tal maneira que depois é difícil viver sem ela”, conclui. “Tenho memórias incríveis, que não vou esquecer. Tocar num Paredes de Coura com Tigerman para 30 mil pessoas é algo que não vou esquecer tão cedo”.
O que Filipe Rocha também valoriza é a oportunidade de explorar instrumentos e colectivos com diversas personalidades e valores. “São três projectos que me fazem ter sempre algo de novo e estar sempre entusiasmado, o que é óptimo”, admite ao JORNAL DE LEIRIA. “Tenho um prazer enorme de poder tocar com pessoas de quem gosto e com quem adoro trabalhar”.
Palco, ensaios, estúdios, hotéis, estrada, bares, restaurantes. Muitos quilómetros, muitos dias lado a lado. “Um dos desafios de andar nesta vida é saber lidar com personalidades diferentes e aceitá-las”, diz quem sente as bandas como uma relação. “E qualquer relação tem altos e baixos. Temos é de ter capacidade de respeitar”, afirma Filipe Rocha. “A minha maneira de encarar o profissionalismo passa muito por aí. Ser profissional não é só tocar bem, é saber estar, é saber conviver, é ter paciência quando é preciso ter paciência, e, acima de tudo, uma atitude positiva”.
Tanto com Cabrita como em Tigerman e Sean Riley cabe-lhe seguir o líder, o que o antigo membro dos Phase aceita sem dificuldade, mesmo depois de tanto tempo no ofício, de produzir First Breath After Coma e de guardar na gaveta alguns momentos de autor. “Trabalho melhor sobre uma ideia que já está concebida do que ser eu a conceber a ideia inicial. Contribuir com a minha parte, é assim que naturalmente acaba por acontecer”.
Há uma carreira a provar a validade da fórmula e começa logo em cima, nos anos 90, com os Phase. “Vão ficar para sempre no meu coração”, garante Filipe Rocha. “Temos memórias daquele tempo que ninguém nos vai tirar, desde estar um mês e meio em Inglaterra a gravar um disco, com 18 anos, a tocar em pavilhões multiusos e festivais”.